Rituais de Passagem ou Iniciação

“Os chamados ritos [ou rituais] de passagem, que ocupam um lugar proeminente na vida de uma sociedade primitiva (cerimônias de nascimento, de atribuição de nome, de puberdade, casamento, morte, etc.), têm como característica a prática de exercícios formais de rompimento normalmente bastante rigorosos, por meio dos quais a mente é afastada de maneira radical das atitudes, vínculos e padrões de vida típicos do estágio que ficou para trás. Segue-se a esses exercícios, um intervalo de isolamento mais ou menos prolongado, durante o qual são realizados rituais destinados a apresentar, ao aventureiro da vida, as formas e sentimentos apropriados à sua nova condição, de maneira que, quando finalmente tiver chegado o momento do seu retorno ao mundo normal, o iniciado esteja tão bem como se tivesse renascido”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, pp. 20-21.

Rituais

“(…) o propósito e o efeito real desses rituais consistia em levar as pessoas a cruzarem difíceis limiares de transformação, que requerem uma mudança dos padrões, não apenas da vida consciente, como da inconsciente”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 20.

Unidade Dual

“Os seres humanos nascem cedo demais; quando o fazem, estão inacabados e ainda não estão preparados para o mundo. Em consequência, toda a defesa que têm contra um universo de perigos é a mãe, sob cuja proteção ocorre um prolongamento do período intrauterino. Daí decorre o fato de a criança dependente e sua mãe formarem, ao longo de meses após a catástrofe do nascimento, uma unidade dual, não apenas do ponto de vista físico, como também no plano psicológico”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 17.

Ovo de Pulga

“O prodígio reside no fato de a eficácia característica, no sentido de tocar e inspirar profundos centros criativos, estar manifesta no mais despretensioso conto de fadas narrado para fazer crianças dormir – da mesma forma como o sabor do oceano se manifesta numa gota ou todo o mistério da vida num ovo de pulga”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 15.

Esperança

“A esperança que acalento é a de que um esclarecimento realizado em termos de comparação possa contribuir para a causa, talvez não tão perdida, das forças que atuam, no mundo de hoje, em favor da unificação, não em nome de algum império político ou eclesiástico, mas com o objetivo de promover a mútua compreensão entre os seres humanos. Como nos dizem os Vedas: “A verdade é uma só, mas os sábios falam dela sob muitos nomes”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 12.

O Propósito do Trabalho de Campbell

“O propósito desse livro é desvelar algumas verdades que nos são apresentadas sob o disfarce das figuras religiosas e mitológicas, mediante a reunião de uma multiplicidade de exemplos não muito difíceis, permitindo que o sentido antigo se torne patente por si mesmo.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 11.

Verdades

“As verdades contidas nas doutrinas religiosas são, afinal de contas, tão deformadas e sistematicamente disfarçadas”, escreve Sigmund Freud, “que a massa da humanidade não pode identificá-las como verdade.”

Freud, Sigmund. The future of an illusion. The Hogarth Press, Londres, 1961, pp. 44-45 in Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 11.