Ligação Energética

– Este é um infortunado filho de nossa veneranda amiga, há muitos anos distanciado da experiência física. Teve a infelicidade de chafurdar no vicio da embriaguez e foi assassinado numa noite de extravagância. A genitora, porém, dele se recorda, como a um herói, e, a evocá-lo incessantemente, retém o infeliz ao pé do próprio leito.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 20.

Últimos Suspiros

“Em estreito aposento, uma senhora, aparentando setenta anos de idade, acusava aflitiva dispnéia.

A pequena Márcia, agitando um leque improvisado, propiciava-lhe ar fresco.

Ao lado da enferma, porém, uma entidade de aspecto desagradável exibia estranha máscara de perturbação e sofrimento, imantando-se a ela e agravando-lhe os tormentos físicos.

Tratava-se de um homem desencarnado, demonstrando no olhar a alienação mental evidente.

(…)

– Temos aqui nossa irmã Elisa, em avançado processo liberatório…Vive as últimas horas no corpo carnal…

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 20.

Consequências da Afinidade

“(…)

– O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. Quando benigno e edificante, ajusta-se às Leis que nos regem, criando harmonia e felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e ruína. A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam conosco.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.

Vibrações Destrutivas

“o fenômeno pertence à sintonia. Muitos processos de alienação mental guardam nele as origens. Muitas vezes, dentro do mesmo lar, da mesma família ou da mesma instituição, adversários ferrenhos do passado se reencontram. Chamados pela Esfera Superior ao reajuste, raramente conseguem superar a aversão de que se vêem possuídos, uns à frente dos outros, e alimentam com paixão, no imo de si mesmos, os raios tóxicos da antipatia que, concentrados, se transformam em venenos magnéticos, suscetíveis de provocar a enfermidade e a morte. Para isso, não será necessário que a perseguição recíproca se expresse em contendas visíveis. Bastam as vibrações silenciosas de crueldade e despeito, ódio e ciúme, violência e desespero, as quais, alimentadas, de parte a parte, constituem corrosivos destruidores.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.

Influência entre Encarnados

“– Jovino permanece atualmente sob imperiosa dominação telepática, a que se rendeu facilmente, e, considerando-se que marido e mulher respiram em regime de influência mútua, a atuação que o nosso amigo vem sofrendo envolve Anésia, atingindo-a de modo lastimável, porquanto a pobrezinha não tem sabido imunizar-se com os benefícios do perdão incondicional.

(…)

– Examinamos, porém, um fenômeno comum?

Intensamente generalizado. É a influenciação de almas encarnadas entre si que, às vezes, alcança o clima de perigosa obsessão.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.

A Causa do Desequilíbrio

E as duas, assumindo a posição de francas inimigas, passaram à contenda mental.

Lembranças amargas, palavras duras, recíprocas acusações.

A esposa atormentada passou a sentir desagradáveis sensações orgânicas.

O sangue afluía-lhe com abundância à cabeça, impondo-lhe aflitiva tensão cerebral.

Quanto mais se lhe dilatavam os pensamentos de revolta e amargura, mais se lhe avultava o desequilíbrio físico.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.

Materialização

“Ah! que horrível criatura uma adversária qual essa, que se imiscui em nossa existência à maneira da víbora traiçoeira! Se eu pudesse haveria de esmagá-la com os meus pés, mas hoje guardo uma fé religiosa, que me forra o coração contra a violência…

À medida, porém, que Anésia monologava intimamente em termos de revide, a imagem projetada de longe abeirava-se dela com maior intensidade, como que a corporificar-se no ambiente para infundir-lhe mais amplo mal-estar.

A mulher que empolgava o espírito de Jovino ali surgia agora visivelmente materializada aos nossos olhos.

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.

Tribulação Mental

“A companheira humilhada caiu em pranto silencioso sobre velha poltrona e começou a pensar, articulando frases sem palavras:

– Negócios, negócios… Quanta mentira sobre mentira! Uma nova mulher, isso sim!… Mulher sem coração que não nos vê os problemas… Dívidas, trabalhos, canseiras! Nossa casa hipotecada, nossa velhinha a morrer!… Nossas filhas cedo arremessadas à luta pela própria subsistência!

Enquanto as reflexões dela se faziam audíveis para nós, irradiando-se na sala estreita, vimos de novo a mesma figura de mulher que surgira à frente de Jovino, aparecendo e reaparecendo ao redor da esposa triste, como que a fustigar-lhe o coração com invisíveis estiletes de angústia, porque Anésia acusava agora indefinível mal-estar.

Não via com os olhos a estranha e indesejável visita, no entanto, assinalava-lhe a presença em forma de incoercível tribulação mental.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.

De Olhos Vendados

“– De minha parte, não vejo como torturar-me. Creio que a casa está bem provida e não estou dormindo sobre nossos interesses familiares. Meus negócios estão em movimento. Preciso de dinheiro e, por essa razão, não posso perder tempo com beatices e petitórios, endereçados a um Deus que, sem dúvida, deve estar muito satisfeito em morar no Céu, sem lembrar-se deste mundo…

Anésia dispunha-se a revidar, no entanto, a atitude do marido era tão flagrantemente escarnecedora que, decerto, julgou mais oportuno silenciar.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.

Dominação Mental

– Sinceramente, Jovino, creio no poder da oração e suponho que nunca precisamos tanto como agora de usá-la em favor de nossa tranquilidade doméstica.

– Não concordo com a sua opinião.

E, sarcástico, a exibir estranho sorriso, continuou:

– Não disponho de tempo para lidar com os seus tabus. Tenho compromissos inadiáveis. Estudarei, junto de amigos, excelente negócio.

Nesse instante, contudo, surpreendente imagem de mulher surgiu-lhe à frente dos olhos, qual se fora projetada sobre ele a distância, aparecendo e desaparecendo com intermitências.”

Xavier, Francisco Cândido / André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade. Federação Espírita Brasileira, Brasília, 1955, Capítulo 19.