O conceito de inconsciente

“O conceito de inconsciente inclui o plano das coisas experimentáveis, isto é, a realidade cotidiana, tal como é conhecida e abordável. O inconsciente é um conceito demasiado neutro e racional para que, na prática, possa se mostrar de grande ajuda à imaginação. Ele foi forjado precisamente para o uso científico; portanto, é mais apto para uma abordagem das coisas sem paixão e sem exigências metafísicas, do que conceitos transcendentes que são passíveis de crítica e podem desviar para um certo fanatismo. Daí, prefiro o termo “inconsciente”, sabendo perfeitamente que poderia também falar de “Deus” ou do “Demônio” se quisesse me exprimir de maneira mítica. À medida que me exprimo miticamente, “mana”, “Demônio”, “Deus” são sinônimos de inconsciente, pois sabemos a respeito dos primeiros tanto ou tão pouco quanto do último. Acreditamos simplesmente saber mais sobre os primeiros, o que, na verdade, para certos fins, é muito mais útil e muito mais eficaz do que recorrer a um conceito científico. A grande vantagem dos conceitos de “Demônio” e “Deus” está em permitir uma objetivação bem melhor do defrontar-se, ou seja, da personificação deles. Suas qualidades emocionais lhes conferem vida e eficácia. Ódio e amor, medo e veneração surgem no teatro da confrontação e a dramatizam em grau supremo. Dessa forma, o que era simplesmente “exposto”, se torna “atuado”.”

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 6037.

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