“(…) o que Jung chama a “definição de sincronicidade em sentido estrito,” ou seja, a coincidência significativa entre um evento psíquico, como um sonho ou pensamento, e um evento no mundo não-psíquico. (…) “concepção mais geral de sincronicidade como ‘organização acausal”no mundo.
“A sincronicidade, ou “organização acausal”, é um princípio subjacente na lei cósmica. “Nesta categoria se incluem todos os atos de criação’, fatores a priori tais como, por exemplo, as propriedades dos números inteiros, as descontinuidades da física moderna, etc.(…) Do ponto de vista do princípio geral de sincronicidade, a nossa experiência humana de organização acausal, através do fator psicoide e da transgressividade do arquétipo, constitui um caso especial de ordenamento muito mais amplo no universo.”
“Com este quadro cosmológico, dou um retoque final no mapa da alma traçado por Jung. Suas explorações da psique e suas fronteiras levaram-no para territórios normalmente ocupados por cosmólogos, filósofos e teólogos. O seu mapa da alma deve, entretanto, ser colocado no contexto dessa perspectiva mais ampla, pois é esta que fornece o mais extenso alcance de sua penetrante e unificada visão. Nós, seres humanos, ensina ele, temos um papel especial a desempenhar no universo. A nossa consciência é capaz de refletir o cosmos e de introduzi-lo no espelho da consciência. Podemos chegar à conclusão de que vivemos num universo que pode ser melhor descrito usando quatro princípios: energia indestrutível, contínuo espaço-tempo, causalidade e sincronicidade. Jung diagrama essas relações como se mostra a seguir.
A psique humana e a nossa psicologia pessoal participam da maneira mais profunda na ordem desse universo por intermédio do nível psicoide do inconsciente. Mediante o processo de psiquização, configurações de ordem no universo tornam-se acessíveis à consciência e podem, finalmente, ser entendidas e integradas. Cada pessoa pode testemunhar o Criador e as obras criativas desde dentro, por assim dizer, prestando atenção à imagem e à sincronicidade. Pois o arquétipo é não só o modelo da psique, mas também reflete a real estrutura básica do universo. “Como em cima, assim embaixo”, falaram os sábios antigos. “Como dentro, assim fora”, responde 0 moderno explorador da alma, Carl Gustav Jung.”
Stein, Murray. Jung, O Mapa da Alma – Uma introdução. Ed. Cultrix, 2020, Local Kindle 5441-5467.
9. Do tempo e eternidade (Cosmologia)