“(…)Daí o fato de se ler em textos antigos que “o chumbo contém um espírito perigoso que torna as pessoas dementes, maníacas e loucas. Cuidado com o espírito do chumbo na obra”. Isto não é apenas uma verdade psicológica. O chumbo é um símbolo e está relacionado com Saturno, com o espírito da depressão, simbolicamente. Mas a consideração de que o chumbo é uma projeção do diabo, que ele contém o diabo e um espírito que provoca loucura, é também um fato químico concreto. Se você retroceder na história, percebera que o fator psíquico e o fator material eram absolutamente um só, e quando você lê os textos, deve fazê-lo de duas maneiras: quando dizem que o chumbo contém um espírito maligno causador de loucura, isso também significa que o chumbo é venenoso.
Vocês veem, portanto, que era essa a situação de um alquimista. Ele era um homem dos subterrâneos que, movido por uma paixão pessoal secreta, procurava os segredos de Deus, por meio dos quais Ele fizera todo este maravilhoso mundo cósmico no qual geralmente nos sentimos tão estupefatos. O alquimista dava o sangue da sua vida, seu dinheiro e sua devoção à prática experimental, para descobrir o que poderiam significar tais coi-sas, e ao mesmo tempo para tentar entender a linguagem obs-cura de seus próprios sonhos e continuar andando às apalpadelas no escuro. Naturalmente, como sempre acontece quando nos defrontamos com o desconhecido, a imaginação inconsciente projeta imagens arquetípicas hipotéticas. Assim, eles trabalhavam com seus sonhos e com suas representações arquetípicas hipoteticas para descobrir mais acerca desse mistério.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a Imaginação ativa: estudos integrativos sobre imagens do inconsciente, sua personificação e cura. Ed. São Paulo: Cultrix, 2022. Pág.37-39.
1. Palestra
Origens da Alquimia: Tradições extrovertidas e introvertidas.