Nós somos o solo dos temas simbólicos

“Se um indivíduo tem uma experiência arquetípica, por exemplo, um sonho confuso de uma águia entrando através da janela, isto não é somente um “modelo de pensamento” sobre o qual pode-se dizer: “Oh! sim, a águia é um mensageiro de Deus, e era um dos mensageiros de Zeus e de Júpter, e na mitologia norte-americana a águia aparece como um criador etc.”. Fazer isto é intelectualmente bastante correto, pois se amplia o arquétipo, mas também negligencia toda a experiência emocional. Por é uma águia e não um corvo, não uma raposa, e não que um anjo? Mitologicamente falando, um anjo e uma águia são a mesma coisa, um angelos, um mensageiro alado do céu, do além, do Deus Supremo; mas para o indivíduo que sonha, tem uma grande diferença se ele sonha com um anjo e tudo o que isso significa para ele, ou se ele sonha com uma águia e suas reações positivas e negativas que tem a respeito da águia. Não se pode simplesmente desaperceber as reações emocionais daquele que sonha, embora, cientificamente, Eliade, Huth, Fromm e outros, simplesmente dirão que ambos são mensageiros do Além. Em termos intelectuais é a mesma coisa, mas emocionalmente há uma diferença. Então, não se pode ignorar o indivíduo e todo o contexto onde a experiência se dá.

(…) Jung introduziu na ciência dos mitos, a saber: a base humana a partir da qual tais temas florescem. Mas não se podem estudar plantas sem estudar o solo onde elas crescem (…) nós somos o solo dos temas simbólicos – nós, os seres humanos.”

FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág. 30-31.

Teorias dos contos de fada

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