“Para continuar com a sequência do nosso pensamento: nós simplesmente tomamos o primeiro símbolo. Digamos que havia um velho rei doente porque lhe faltava a água da vida, ou uma mãe que tinha uma filha desobediente; é necessário ampliar tais elementos, o que significa que nós precisamos procurar todos os possíveis temas paralelos. Eu enfatizo que é importante reunir todos aqueles que se possam encontrar, pois inicialmante é muito provável que não se encontrem muitos, quando você chegar ao número 2.000, então pode parar!
Então, é preciso que se analise o material comparativo, antes que possamos dizer qualquer coisa. Precisamos perguntar se aquele tema ocorre em outros contos, como ocorre, e tirar uma média, e somente então nossa interpretação pode ter uma base relativamente segura.
(…)Imagine que você é médico fazendo sua primeira autópsia e encontrou um apêndice no lado esquerdo, e não sabe, pela anatomia comparativa, que normalmente apêndice fica no lado direito. O mesmo acontece com contos de fada: é necessário que se conheça o contexto médio, no qual aparece um elemento, e, então, confrontá-lo com material análogo a fim de que se conheça o que chamo de “anatomia comparativa”. Este estudo lhe permitirá compreender o que é específico, e somente então, você poderá apreciar, com consistência, o que é exceção. Amplificar significa alargar um tema através da junção de numerosas versões análogas.
Existem ainda mais dois passos que devem ser dados; o próximo será construir o contexto.”
FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág. 62-63.
3.Um método de interpretação psicológica