“De fato, se nos voltamos para os sonhos e para o inconsciente é porque queremos saber mais e mais sobre nosso modelo ou padrão de vida, procurando errar menos, não cortando com nossas facas o nosso tapete interior, de maneira a completar o nosso destino ao invés de a ele resistir. Esta finalidade do modelo de vida que nos dá o sentimento do significado e do sentido é muitas vezes simbolizado no tapete. Geralmente os tapetes, especialmente os orientais, têm padrões e arabescos complicados, há tais como aqueles percebidos em estados oníricos, quando se sente que a vida está em altos e baixos e que mudanças à volta. Somente olhando de longe, com uma certa distância objetiva, percebe-se que há um padrão de totalidade nisso tudo.

Desta forma, a história nos diz que a sutileza das invenções do inconsciente e os desenhos secretos tecidos no interior da vida humana são infinitamente mais inteligentes, mais sutis e superiores que aqueles que a consciência humana possa inventar. Não se pode deixar de ficar maravilhado cada vez e sempre, diante da genialidade deste fato desconhecido e misterioso que é o inventor dos sonhos na nossa psique. Ele seleciona elementos das impressões diurnas, das leituras feitas no dia anterior, das lembranças da infância e faz uma espécie de agradável pot-pourri. É somente quando se vem a interpretar o significado do sonho que se pode perceber a sutileza e temos esse tapeceiro trabalhando dentro de nós, tecendo temas fantásticos, mas eles são tão sutis que, infelizmente para nós, muitas vezes, depois de uma hora tentando interpretá-los, desistimos por sermos incapazes de captar seu significado.

(…) O anel, como um objeto circular, é um dos muitos símbolos do SELF. Mas nos contos de fada existem tantos símbolos dele que temos que encontrar qual é a função específica do SELF neste caso particular.”

 

FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág.101-102.

5. As três Penas (continuação)

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