“É necessário observar o que a própria psique propõe como uma forma de vida simbólica, segundo a qual deve-se viver. Sobre isso, Jung insiste em algo que ele fez na sua própria vida: quando um símbolo onírico emerge numa forma dominante, deve-se ter o trabalho de reproduzi- lo, seja em desenhos, ainda que não se saiba desenhar, seja em escultura, ainda que não se saiba esculpir, ou de qualquer outra maneira, contanto que se estabeleça uma relação concreta com ele. Não se deve sair de uma sessão analítica esquecendo-se tudo sobre ela, deixando o ego organizar o resto do dia; ao contrário, deve-se permanecer com os símbolos dos próprios sonhos durante todo o dia, tentando descobrir por onde eles querem entrar na realidade da vida. Isto é o que Jung quer dizer quando ele fala em viver a vida simbólica.
A anima é o guia, é a própria essência desta realização da vida simbólica. Um homem que não compreendeu nem assimilou o problema da anima é incapaz de viver este ritmo interior; seu ego consciente e seu intelecto são incapazes de comunicar-lhe algo sobre isso.”
FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág.122-123.