Cura: relacionamento contínuo dos dois lados

“Primeiro tenta-se uni-los e as coisas parecem estar bem, mas de repente os opostos se endurecem e se afastam novamente e tudo volta a ser como antes. A cura ocorre de fato somente quando existe um estado constante de relacionamento entre o consciente e o inconsciente, e não quando surge uma centelha de luz através de um relacionamento. Portanto, só acontece a cura quando existe uma condição de relacionamento contínuo dos dois lados. 

Eu sempre me perguntei por que o inconsciente ou a natureza ou que nome for -faz essa brincadeira tão cruel com as pessoas, ou seja, primeiro cura e, depois, faz com que elas caiam novamente. Por que alguém esfrega uma salsicha no nariz do cachorro, e depois a esconde? Isso não é bom. Mas eu já observei que existe um signi- ficado profundo e, provavelmente, existe uma intenção final nisso tudo. Se algumas pessoas nunca tiveram se- quer uma pequena experiência de como seriam as coisas se tudo fosse bem, elas nunca poderiam aguentar o peso da análise e as misérias do processo analítico. E somente uma lembrança daquela centelha do paraíso que faz com que as pessoas continuem na jornada sombria. Esta é a razão, provavelmente, por que algumas vezes no começo da análise o inconsciente oferece a possibilidade maravilhosa da cura, da forma boa de viver e da felicidade para, em seguida, levar isso tudo embora. É como se ele dissesse: “Isso é o que você vai obter mais tarde, mas antes você tem que perceber e compreender isso e mais aquilo e muito mais até chegar lá”.”

FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág.135-136.

6.As três Penas (conclusão)

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