“Suicida! Suicida! Criminoso! Infame!”
gritos assim cercavam-me de todos os lados.”

“GARGALHADAS SARCÁSTICAS
FERIAM ME OS OUVIDOS,
enquanto os vultos negros desapareciam na sombra.
PARA QUEM APELAR? Torturavam-me a fome, a sede me escaldava. Comezinhos fenômenos da experiência material patenteavam-se-me aos olhos. Crescera-me a barba,
a roupa começava a romper-se com os esforços da resistência,
na região desconhecida.”

“A circunstância mais dolorosa, no entanto,
não era o terrível abandono a que me sentia votado, mas
O ASSÉDIO INCESSANTE
DE FORÇAS PERVERSAS
que me assomavam nos caminhos ermos
e obscuros. Irritavam-me, aniquilavam-me
a possibilidade de concatenar ideias.”

“- Que buscas, infeliz? Aonde vais, suicida?”

“Tais objurgatórias, incessantemente repetidas, perturbavam-me o coração. Infeliz, sim; mas suicida? – Nunca! Essas increpações, ao meu ver, não eram procedentes. Eu havia deixado o corpo físico a contragosto. Recordava meu porfiado duelo com a morte. Ainda julgava ouvir os últimos pareceres médicos,
enunciados na Casa de Saúde.”

“A última cena que precedera o grande sono: Minha esposa ainda jovem e os três filhos contemplando-me no terror da eterna separação. Depois …o despertar na paisagem úmida e escura e a grande caminhada que parecia sem-fim.”

“(…) fim, senti que as lágrimas longamente represadas visitavam-me com mais frequência, extravasando
do coração.”


XAVIER
, Francisco Cândido / André Luiz. Nosso Lar. 1. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944. Edição Kindle.

CAPÍTULO 2 | CLARÊNCIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

Facebook
Twitter
Pinterest

QUER MAIS?

(…) cansadíssimo. COMEÇAVA A COMPREENDER O VALOR DO ALIMENTO ESPIRITUAL, POR MEIO DO AMOR E

Leia mais

Imitando a criança que se conduz pelos passos dos benfeitores, cheguei à minha cidade, com

Leia mais