— Se possível, estimaria recebê-lo em nossa casa, enquanto perdurar o curso de observações; lá, minha mãe o trataria como filho.

— Guarde este documento — disse-me o atencioso ministro do Auxílio, entregando-me pequena caderneta —, com ele, poderá ingressar nos Ministérios da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação e do Esclarecimento, durante um ano. Decorrido esse tempo, veremos o que será possível fazer relativamente aos seus desejos. Instrua-se, meu caro. Não perca tempo.

Passados minutos, eis-nos à porta de graciosa
construção, cercada de colorido jardim.
— É aqui — exclamou o delicado companheiro.
E, com expressão carinhosa, acrescentou:
— O nosso lar, dentro de Nosso Lar.

Quadros de sublime significação espiritual,
um piano de notáveis proporções, descansando sobre
ele grande harpa talhada em linhas nobres e delicadas. Identificando-me a curiosidade, Lísias falou prazenteiro:
— Como vê, depois do sepulcro não encontrou
ainda os anjos harpistas, mas aí temos uma
harpa esperando por nós mesmos.

— Ó Lísias — atalhou a palavra materna, carinhosa —,
não faças ironia. Não te recordas que o Ministério da
União Divina recebeu o pessoal da Elevação, no ano passado, quando passaram por aqui alguns embaixadores da Harmonia?
— Sim, mamãe, mas quero apenas dizer que os harpistas existem,
e precisamos criar audição espiritual para ouvi-los, esforçando-nos, por nossa vez, no aprendizado das coisas divinas.

— Temos em Nosso Lar, no que concerne à literatura,
uma enorme vantagem; é que os escritores de má-fé,
os que estimam o veneno psicológico, são conduzidos imediatamente para as zonas obscuras do Umbral.
Por aqui não se equilibram, nem mesmo no Ministério da Regeneração, enquanto perseveram em semelhante estado da alma.

XAVIER, Francisco Cândido / André Luiz. Nosso Lar. 1. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944. Edição Kindle.

CAPÍTULO 17 | EM CASA DE LÍSIAS

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