— O orientador, muito versado em Matemática — prosseguiu ela —, fez-nos sentir que o lar é como se fora um ângulo reto nas linhas do plano da evolução divina. A reta vertical é o sentimento feminino, envolvido nas inspirações criadoras da vida.
A reta horizontal é o sentimento masculino, em marcha de realizações no campo do progresso comum. O lar é o sagrado vértice onde o homem e a mulher se encontram para o entendimento indispensável. É templo, onde as criaturas devem unir-se espiritual antes que corporalmente.
— Que fazer, porém, meu amigo? — replicou a bondosa senhora. — Na fase atual evolutiva do planeta, existem na esfera carnal
raríssimas uniões de almas gêmeas, reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate.
O maior número de casais humanos é constituído de
verdadeiros forçados, sob algemas.
— As almas femininas não podem permanecer inativas aqui.
É preciso aprender a ser mãe, esposa, missionária, irmã. A tarefa da mulher, no lar, não pode circunscrever-se a umas tantas lágrimas de piedade ociosa e a muitos anos de servidão.
É claro que o movimento coevo do feminismo desesperado constitui abominável ação contra as verdadeiras atribuições do espírito feminino. A mulher não pode ir ao duelo com os homens, por escritórios e gabinetes, onde se reserva atividade justa ao espírito masculino. Nossa colônia, porém, ensina que existem nobres serviços de extensão do lar, para as mulheres. A enfermagem, o ensino, a indústria do fio, a informação, os serviços de paciência, representam atividades assaz expressivas.
O homem deve aprender a carrear para o ambiente
doméstico a riqueza de suas experiências, e a mulher precisa conduzir a doçura do lar para os labores ásperos do homem.
DENTRO DE CASA, A INSPIRAÇÃO; FORA DELA, A ATIVIDADE.
UMA NÃO VIVERÁ SEM A OUTRA.
XAVIER, Francisco Cândido / André Luiz. Nosso Lar. 1. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944. Edição Kindle.
CAPÍTULO 20 | NOÇÕES DE LAR