Nos primeiros dias de setembro de 1939,
Nosso Lar sofreu, igualmente, o choque por que passaram diversas colônias espirituais ligadas à civilização americana. Era a guerra europeia, tão destruidora nos círculos da carne, quão perturbadora no plano do espírito. Entidades numerosas comentavam os empreendimentos bélicos em perspectiva, sem disfarçarem o imenso terror de que se possuíam.

Reconheci que os Espíritos superiores, nessas circunstâncias, passam a considerar as nações agressoras
não como inimigas, mas como desordeiras e cuja
atividade criminosa é imprescindível reprimir.

QUANDO UM PAÍS TOMA A INICIATIVA DA GUERRA, ENCABEÇA A DESORDEM DA CASA DO PAI E PAGARÁ UM PREÇO TERRÍVEL.

(…) nos acontecimentos dessa natureza, os países agressores convertem-se, naturalmente, em núcleos poderosos de centralização das forças do mal. Sem se precatarem dos perigos imensos, esses povos, com exceção dos Espíritos nobres e sábios que lhes integram os quadros de serviço, embriagam-se ao contato dos elementos de perversão, que invocam das camadas sombrias. COLETIVIDADES OPEROSAS CONVERTEM-SE EM AUTÔMATOS DO CRIME. Legiões infernais precipitam-se sobre grandes oficinas do progresso comum, transformando-as em campos de perversidade e horror. Mas, enquanto os bandos escuros se apoderam da mente dos agressores, os agrupamentos espirituais da vida nobre movimentam-se em auxílio dos agredidos.

Logo após os primeiros dias que assinalaram as primeiras bombas na terra polonesa, encontrava-me, ao entardecer, nas Câmaras de Retificação, junto de Tobias e Narcisa, quando inesquecível clarim se fez ouvir por mais de um quarto de hora. PROFUNDA EMOÇÃO NOS INVADIRA A TODOS.

— É A CONVOCAÇÃO SUPERIOR AOS SERVIÇOS DE SOCORRO À TERRA — explicou-me Narcisa, bondosamente.

— Temos o sinal de que a guerra prosseguirá, com terríveis tormentos para o espírito humano — exclamou Tobias, inquieto. — Apesar da distância, toda a vida psíquica americana teve na Europa a sua origem. Teremos grande trabalho em preservar o Novo Mundo.

Quando o misterioso instrumento desferiu a última nota, fomos ao grande parque, a fim de observar o céu. Profundamente comovido, vi inúmeros pontos luminosos, parecendo pequenos focos resplandecentes e longínquos, a librarem-se no firmamento.

— Esse clarim — disse Tobias igualmente emocionado — é utilizado por Espíritos vigilantes, de elevada expressão hierárquica.

— Irmãos de Nosso Lar, não vos entregueis a distúrbios do pensamento ou da palavra. A aflição não constrói, a ansiedade não edifica. Saibamos ser dignos do clarim do Senhor, atendendo-lhe a Vontade divina no trabalho silencioso, em nossos postos.

Aquela voz clara e veemente, de quem falava com autoridade e amor, operou singular efeito na multidão. No curto espaço de uma hora, toda a colônia regressava à serenidade habitual.

XAVIER, Francisco Cândido / André Luiz. Nosso Lar. 1. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944. Edição Kindle.

CAPÍTULO 41 | CONVOCADOS À LUTA

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