“Os acontecimentos de caráter iniciatório certamente não estão limitados à psicologia da juventude. Toda nova fase de desenvolvimento de uma vida humana é acompanhada por uma repetição do conflito original entre as exigencias do self e do ego. De fato, esse conflito pode se manifestar com mais força no período de transição que vai do início da maturidade à idade madura (entre os 35 e quarenta anos, na nossa 50 época. E a transição da maturidade para a velhice ciedade) do que em qualquer outra época. cria, novamente, a necessidade de afirmar a diferença entre o ego e a psique total; o herói recebe um último apelo para defender o ego consciente da próxima dissolução da vida em morte.
Nesses períodos críticos, o arquétipo de iniciação é fortemente ativado a fim de promover uma transição significativa que ofereça algo mais rico de sentido espiritual do que os ritos da adolescência, com o seu acentuado caráter profano. Nesse sentido religioso, os esquemas dos arquétipos de iniciação conhecidos desde a Antiguidade como “mistérios” – são elaborados da mesma forma que todos os rituais eclesiásticos que exigem cerimônias especiais nos momentos de nascimento, casamento ou morte.
Entre os jovens, talvez o mais comum desses temas seja a prova ou teste de força.
Há uma diferença marcante entre o mito do herói e o rito de iniciação. As figuras típicas de heróis esgotam suas forças para obter o que ambicionam, ou, seja, alcançam sucesso, mesmo que logo depois sejam punidos ou mortos por sua hybris. Na iniciação, ao contrário, o noviço deve renunciar a toda ambição e as qualquer aspiração para então submeter-se a uma prova. Deve aceitar essa provas sem esperança de obter sucesso. Na verdade, deve estar preparado para morrer. Apesar de o grau da provação ser algumas vezes leve (um período de jejum, um dente arrancado, uma tatuagem), outras doloroso (as feridas da circuncisão, incisões ou outras mutilações), o propósito permanece sempre o mesmo: criar uma atmosfera de morte simbólica, de onde vai surgir um estado de espírito simbólico de renascimento.”
*Nota pessoal: Masculina / feminina
JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 170-171.
II Os Mitos antigos e o homem moderno
Joseph L. Henderson