Elevando a consciência com Anima/Animus

“A carga carismática que eletriza um público quando um grande orador exerce o seu poder de fascinio mobiliza a anima/us e constela a sua presença. O público quer acreditar no que ouve e os indivíduos seguirão as trombetas que os conclamam à ação. É criada uma impressão de realidade e uma convicção resulta do forte comando emocional exercido pela anima/animus. Por conseguinte, a anima/animus é transformadora.”

“(…) para fins de desenvolvimento psicológico e aumento de consciência, a ação essencial do ego consiste em engajar a anima/us num processo dialético e não em obedecer imediatamente ao apelo à ação. A esse processo de diálogo e confronto deu Jung o nome de Auseinandersetzung. Esta palavra alemă significa literalmente “reduzir alguma coisa a pedaços e refere-se ao processo que ocorre quando duas pessoas, num esforço de esclarecimento [Erklarung) mútuo, se empenham num veemente diálogo ou negociação em que nem uma nem outra se furtam ao conflito. Colocadas frente a frente e fazendo valer seus respectivos pontos de vista física ou verbalmente, as diferenças entre elas, que eram no começo grosseiras e mal articuladas, tornam-se mais diferenciadas. São traçadas linhas divisórias, distinções são feitas, a clareza é, enfim, obtida. O que começou como um confronto altamente emocional converte-se num relacionamento consciente entre duas personalidades muito diferentes. Talvez um acordo seja alcançado, um contrato redigido e assinado.

O mesmo ocorre no confronto entre ego e anima/us. É esse o trabalho de elevar o nível de consciência, de tomar conhecimento de projeções, de desafiar as nossas mais românticas e cuidadosamente guardadas ilusões.”

“Na visão de Jung, a anima/us é destino. Somos guiados para os nossos destinos pelas imagens de poderes arquetípicos situados muito além de nossa vontade consciente ou conhecimentos.”

“(…)o ponto é que nessas relações emocionais é que se tornam possíveis tais desenvolvimentos da consciência. Tornar-se consciente não é um projeto executado em isolamento, embora requeira uma boa dose de introspecção para propiciar 0 seu pleno florescimento. Mas a experiência deve preceder o insight.”

“Neste ponto, Jung pressupõe, entretanto, um certo grau de separação, de tal modo que existe (1) um ego consciente a par de sua subjetividade pessoal, (2) uma outra pessoa, o parceiro ou parceira com seu ego consciente e subjetividade pessoal, e (3) a imagem arquetípica de anima/us. Esta triade é completada, escreve Jung, por uma quarta figura, o Velho Sábio no caso masculino e a Mãe Ctônica na fêmea. A anima/us e as figuras de sabedoria são transcendentes, no sentido de que pertencem essencialmente ao Inconsciente e têm sua origem no domínio do espirito, ao passo que o ego e o parceiro são as pessoas conscientes envolvidas no relacionamento emocional que estimulou essa constelação. Na presença dessa quaternidade, encontramos a experiência numinosa do si-mesmo, como uma relação Desde que predomine suficiente consciência para enxergar as diferenças entre características humanas e arquetípicas nessa situação de amor e atração, surge aqui a oportunidade para uma plena experiência de si-mesmo”.

Stein, Murray. Jung, O Mapa da Alma – Uma introdução. Ed. Cultrix, 2020, Local Kindle 3555-3619.

6. O Caminho para o interior (Elevando a consciência com Anima/Animus)

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