Outras etapas

“Jung disse, gracejando, que encontramos na rua pessoas em todas as etapas de desenvolvimento -neandertalenses, gente medieval, gente moderna, em suma, pessoas de todos os níveis concebíveis de desenvolvimento. Viver no século XX não confere automaticamente o status de modernidade, o desenvolvimento da consciência de quem quer que seja.”

“Essas primeiras quatro etapas no desenvolvimento da consciência estão relacionadas com 0 desenvolvimento do ego e a primeira metade da vida. A pessoa que realizou o ego autocrítico e reflexivo característico da Etapa 4 sem cair numa inflação megalomaníaca foi extremamente eficaz no desenvolvimento da consciência e, na avaliação de Jung, passou por uma notável transformação. Mas Jung reservou para uma quinta etapa a continuação do desenvolvimento na segunda metade da vida, uma etapa pós-moderna que tem tudo a ver com a abordagem de reunificação de consciente e inconsciente. Nessa etapa, há um reconhecimento consciente da limitação do ego e uma clara percepção dos poderes do inconsciente; e torna-se possível uma forma de união entre consciente e inconsciente através do que Jung chamou a função transcendente e o simbolo unificador. A psique unifica-se mas, ao invés da Etapa 1, as partes permanecem diferenciadas e contidas na consciência. E, ao contrário da Etapa 4, o ego não é identificado com os arquétipos: as imagens arquetípicas continuam sendo o “outro”, não estão escondidas na sombra do ego. São vistas agora como “aí dentro”, ao invés da Etapa 3, onde estão “lá fora”, algures no espaço metafisico, concretamente, e não são projetadas em nada externo.”

“Suas técnicas de imaginação ativa e relacionamento consciente com ela. Assim, ele estava forjando as ferramentas para relacionar-se com a vida de um modo consciente, pós-moderno, e para assumir uma posição respeitosa em relação aos mesmos conteúdos que os povos primitivos e tradicionais encontram em seus mitos e teologias, que os bebês e crianças de tenra idade projetam em seus pais, brinquedos e jogos, e que os pacientes mentais profundamente perturbados e psicóticos veem em suas alucinações e visões. Os conteúdos são comuns a todos nós, e formam as camadas mais profundas e mais primitivas da psique, o inconsciente coletivo. Abordar as imagens arquetípicas e relacioná-las consciente criativamente torna-se a e peça central da individuação e constitui a tarefa da quinta etapa da consciência. Essa etapa da consciência produz um outro movimento no processo de individuação. O ego e o inconsciente unem-se através de um símbolo.”

“O tipo de consciência revelado em Kundalini poderia ser considerado uma Etapa 7 potencial. Recuando um pouco, existe um tipo de consciência que é mais acessível ao Ocidente e que ocuparia um lugar entre a Etapa 5 e essa suposta Etapa 7. Mais tarde, quando explorou a estrutura e função dos arquétipos no contexto da sincronicidade, Jung sugeriu que talvez correspondam a estruturas de ser no mundo não-psíquico. Examinarei isto em maior detalhe no capítulo 9 mas, por agora, é suficiente sugerir que uma possível sexta etapa da consciência seja aquela que toma em consideração a mais ampla relação ecológica entre a psique e o mundo.(…)A Etapa 6, portanto, poderia ser vista como um estado de consciência que reconhece a unidade da psique e do mundo material.”

Stein, Murray. Jung, O Mapa da Alma – Uma introdução. Ed. Cultrix, 2020, Local Kindle 4454-4515.

8. O surgimento do si-mesmo (As cinco etapas da consciência)

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