A arte de Paul Klee

A arte de Paul Klee é exploração visual e expressão do espírito que se esconde por trás da natureza- o inconsciente, ou como ele diz. “o secretamente percebido”. Algumas vezes sua visão pode ser perturbadora e demoniaca, como em Morte e fogo, à direita; ou revelar uma imaginação poética, como em Simbad, o marinheiro (extrema direita).”

Para Marc, o objetivo da arte era “revelar a vida sobrenatural que existe por trás de tudo, quebrar o espelho da vida para que se possa contemplar o verdadeiro rosto do Ser”. E escreve Paul Klee: “O artista não atribui às formas naturais do universo aparente a mesma significação convincente dos realistas que o criticam. Ele não se sente intimamente ligado a essa realidade porque não consegue ver nos produtos formais da natureza a essência do processo criador. Está mais interessado nas forças formativas do que nas formas que estas forças produzem.”

Mas é preciso nos darmos conta de que o que interessava a esses artistas era um problema muito mais complexo que o da forma ou da distinção entre “concreto” e “abstrato”, figurativo e não figurativo, Seu objetivo era o centro da vida e das coisas, o seu imutável segundo plano e a aquisição de certeza interior. A arte se tornara misticismo. O espírito em cujo mistério a arte estava submersa era um espírito terrestre, aquele que os alquimistas medievais chamavam de Mercúrio. Mercúrio é o símbolo do espírito que esses artistas pressentiam ou buscavam por trás da natureza e das coisas, “por trás da aparência da natureza”. O seu misticismo não era cristão, pois o espirito de Mercúrio é estranho ao espírito “celeste”. Na verdade, era o velho e tenebroso adversário do cristianismo que maquinava seu caminho pela arte. Começamos a ver aqui a verdadeira significação histórica e simbólica da “arte moderna”. Tal como os movimentos herméticos da Idade Média, ela deve ser compreendida como um misticismo do espírito da terra e, portanto, uma expressão de nossa época de compensação ao cristianismo.

(…) Kandinsky. (…) “O olho do artista deveria estar sempre voltado para a sua vida íntima e seu ouvido sempre alerta à voz da necessidade interior. É o único meio para dar expressão ao que a visão mística comanda.

Paul Klee (…)

E o que encontramos nessa jornada “deve ser levado muito a sério, desde que, combinado integralmente com os meios artísticos apropriados, desabroche em estrutura”. Porque, como acrescenta Klee, não é apenas questão de reproduzir o que se vê, mas de “tornar visível tudo o que se percebe secretamente”. Toda a obra de Klee se inspira e se fixa diretamente nessa fonte original das formas. “Minha mão é, inteira, o instrumento de uma esfera mais distante. E tampouco é a minha mente que age; é alguma outra coisa…”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 354-356.

IV O simbolismo nas artes plásticas

Aniela Jaffé

Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

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