“Em termos simples, não científicos, a fisica nuclear despojou as unidades básicas da matéria do seu caráter absolutamente concreto. Tornou a matéria misteriosa. Paradoxalmente, massa e energia, onda e partícula provaram sua permutabilidade. As leis de causa e efeito mostraram-se válidas apenas até certo ponto. Já pouco importa que todas essas relatividades, descontinuidades e paradoxos só se apliquem aos limites extremos do nosso mundo o infinitamente pequeno (o átomo) e o infinitamente grande (o cosmos). Provocaram uma mudança drástica no conceito de realidade, pois uma realidade nova, e irracional e totalmente diferente, surgiu por trás do nosso mundo real e “natural”, regido pelas leis da física clássica.
Relatividades e paradoxos análogos foram descobertos no domínio da psique. Aqui também surgiu um outro mundo às margens do mundo da consciência, governado por novas e até então desconhecidas leis, estranhamente semelhantes às da física nuclear. O paralelismo entre a física nuclear e a psicologia do inconsciente coletivo foi matéria muitas vezes discutida por Jung e por Wolfgang Pauli, ganhador do prêmio Nobel de física. O contínuo tempo-espaço da física e o inconsciente coletivo podem ser considerados, por assim dizer, como o aspecto exterior e interior de uma única realidade que se esconde por trás das aparências.”
JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 352.
IV O simbolismo nas artes plásticas
Aniela Jaffé