“A atividade política fanática (mas não o desempenho de deveres políticos essenciais) parece, de certa maneira, incompatível com a individuação.
(…)
Com que propósito vamos libertar a nossa pátria se, depois, não temos um objetivo de vida significativo pelo qual valha a pena ser livre? Se o homem não encontrar mais qualquer sentido em sua vida, não lhe faz maior diferença dissipá-la sob um regime comunista ou capitalista. Só se ele puder usar a sua liberdade para criar algo significativo é que vai valer a pena obtê-la. É por isso que encontrar o sentido profundo da vida é mais importante para um indivíduo do que tudo o mais, e é por esse motivo que o processo de individuação deve ter prioridade.
(…) quando um indivíduo dedica-se à individuação, ele frequentemente tem um efeito contagiante sobre as pessoas que o rodeiam. É como se uma centelha saltasse de um a outro, E isso geralmente ocorre quando não se tem a intenção de influenciar ninguém e quando muitas vezes não se empregam palavras.
(…) Quando o papa Pio XII proclamou o dogma da Assunção de Maria, uma mulher católica sonhou, por exemplo, que era uma sacerdotisa católica. Seu inconsciente parecia ter dado ao dogma o seguinte desenvolvimento: “Se Maria é agora quase uma deusa, ela deve ter tido sacerdotisas.”
JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 298-300.
III O processo de individuação
M.-L. Von Franz