Coincidências significativas

“(…) Por exemplo, a história da ciência comporta inúmeros casos de invenção ou descoberta simultâneos. Um dos mais famosos diz respeito a Darwin e sua teoria da origem das espécies. Ele expusera a teoria em um longo ensaio e, em 1844, cuidava de desenvolvê-la em um volumoso tratado.

Enquanto trabalhava nesse projeto, recebeu um manuscrito de um jovem biólogo, A.R. Wallace, que não conhecia. O manuscrito era uma exposição mais sucinta, porém idêntica à de Darwin. Naquela ocasião, Wallace estava nas ilhas Molucas, no arquipélago da Malásia. Conhecia Darwin como naturalista, mas não tinha a menor ideia do gênero de trabalho teórico com o qual ele se ocupava naquele momento.

Nos dois casos, cada um dos cientistas chegara independentemente à formulação de uma hipótese que iria mudar todo o futuro da ciência. E cada um deles concebera, inicialmente, a sua hipótese em um “lampejo” intuitivo (mais tarde reforçado por provas documentadas). Os arquétipos parecem, portanto, ser agentes de uma creatio continua (o que Jung chama acontecimentos sincrônicos são, na verdade, atos de criação eventuais).

“Coincidências significativas” semelhantes podem ocorrer quando há uma necessidade vital de o indivíduo saber, por exemplo, da morte de um parente ou de algum bem perdido. Em muitos casos, tais informações são obtidas por meio da percepção extrassensorial.

Entretanto, o campo mais promissor para pesquisas futuras (como Jung percebeu) parece, inesperadamente, ter sido aberto em conexão com o complexo campo da microfísica. À primeira vista, parece pouco verossímil que se possa encontrar relação entre a psi cologia e a microfisica. A relação entre essas duas ciências pede uma pequena explicação.

(…)

A física norte-americana Maria Mayer, prêmio Nobel de Física de 1963. Sua descoberta a respeito da constituição do núcleo atômico foi obtida, como tantas outras descobertas científicas, como resultado de um lampejo intuitivo (provocado por uma observação ocasional de um colega). Sua teoria mostra que o núcleo consiste de conchas concêntricas: a mais central contém dois prótons ou dois nêutrons, a seguinte contém oito, de um ou de outro, e assim por diante, numa progressão que ela chama de “números mágicos” -20, 28, 50, 82,126. Há uma relação evidente entre essa estrutura e os arquétipos da esfera e dos números.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 422-423.

Conclusão

M. L. von Franz

Gostei e vejo sentido em compartlhar essa ideiA

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