“Do ponto de vista estatístico, pelo menos, senão para cada indivíduo, a definição de Jung parece ser a regra. Se as políticas são guiadas por percepções ao nível da persona, que é o limite até onde as pessoas se revelarão nas pesquisas de opinião, as campanhas de candidatos perspicazes a cargos públicos serão orientadas no sentido de que para ganhar os votos das mulheres, eles devem mostrar compaixão, sentimento e um desejo de unidade e tolerância; se estão atrás do voto masculino, devem demonstrar lógica, competitividade, firmeza e bom-senso moral. (…) Por outras palavras, os seres humanos são mais complexos do que a aparência pública e as pesquisas de oposição nos querem fazer crer.”
“No que diz respeito ao caráter da alma, é minha opinião, comprovada pela experiência, que rege o princípio básico e geral de que, no seu todo, a alma comporta-se complementarmente em relação ao caráter externo (persona). A experiência nos ensina que a alma costuma possuir todas as qualidades humanas que faltam na disposição consciente.”
“Essa distinção entre sombra e anima/us será definida mais tarde, e a sombra absorverá boa parte dos conteúdos que são complementares da persona mas excluídos da identidade consciente por serem incompatíveis com a imagem da persona. Nessa passagem, Jung está pensando mais sobre o tipo de contrapersona que a sombra descreverá mais tarde do que sobre atitudes complementares em relação a objetos externos e internos. “(…) a alma costuma possuir todas as qualidades humanas que faltam na disposição consciente. O tirano torturado por pesadelos, pressentimentos sombrios e terrores secretos é uma figura típica. (…) Sua alma contém todas aquelas qualidades humanas falíveis (…) que faltam completamente em sua disposição externa, em sua persona. Se a persona for intelectual, a alma será certamente sentimental. “(…) “O caráter complementar da alma evidencia-se também no caráter sexual, como se comprovou inúmeras vezes de maneira indiscutível. Uma mulher muito feminina terá uma alma masculina e um homem muito viril uma alma feminina. “(…) Se a persona de um homem contém aquelas qualidades e características comumente associadas à masculinidade numa dada cultura, então as características da personalidade que não se coadunam com essa imagem serão suprimidas e reunidas na estrutura inconsciente complementar, a anima. Portanto, a anima contém as características que são tipicamente identificadas como femininas nessa cultura. Assim, um homem muito masculino na persona terá que ser igualmente feminino na anima.”
Stein, Murray. Jung, O Mapa da Alma – Uma introdução. Ed. Cultrix, 2020, Local Kindle 3376-3409.
6. O Caminho para o interior (Sexo e Anima e Animus)