“Assim, a tradição da alquimia assimilou-se ao processo da consciência, e perdeu sua genuína independência que, naturalmente, tinha tido sua base nos experimentos com o desconhecido. Menciono isso porque o nosso autor, Dorn, foi justamente uma dessas pessoas; ele também estava à beira dessa situação. Ele foi um dos poucos alquimistas introvertidos do fim do século XVI que compreenderam que o simbolismo e a tradição alquímicos implicavam um problema religioso. Portanto, ao contrário de muitos outros autores, ele “se entendeu” com ela; perguntou a si mesmo se o que estava dizendo não seria pagão ou herético.
(…)
“Para a Igreja, Dorn foi sempre suspeito pois se sabia que ele chegara a mexer com numerologia, geomancia e piromancia, que significa adivinhação por meio do fogo; ou ainda com a hidromancia, que é a adivinhação que se faz olhando para uma tigela com água.”
“Dorn prossegue:
Por meio do estudo se ele entende por estudo apenas a leitura da literatura alquímica) adquire-se conhecimento; através do conhecimento, o amor, que cria a devoção; a devoção cria a repetição e fixando-se a repetição cria-se em si mesmo a experiência, a virtude e o poder, por meio dos quais o trabalho miraculoso é realizado; o trabalho na natureza possui essa qualidade.”
VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a Imaginação ativa: estudos integrativos sobre imagens do inconsciente, sua personificação e cura. Ed. São Paulo: Cultrix, 2022. Pág.57-63.
1. Palestra
Origens da Alquimia: Tradições extrovertidas e introvertidas.