“Tomemos, por exemplo, o caso de um menino, que ao brincar com coisas práticas, mostra-se habilidoso, e seu pai então lhe diz que ele será engenheiro mais tarde e o menino é, assim, encorajado; na escola tenderá a ser muito bom nas matérias ligadas a esse campo, enquanto será ruim nas outras, ficando orgulhoso do que ele pode fazer bem, e quererá fazer sempre melhor, porque há uma tendência natural para se fazer sempre aquilo que sai melhor e negligenciar o outro lado. Essa perspectiva unilateral, sem dúvida, aos poucos formará a função principal, que é aquela função com a qual as pessoas se adaptam às necessidades coletivas. Portanto, o dominante da consciência coletiva, também constela a função principal no indivíduo.”
(…) O ego é o complexo central do campo da consciência da personalidade. Mas como todas as pessoas têm um “Ego”, então, falar em “Ego” já é uma abstração, pois está-se falando do “Eu” de todas as pessoas. Se se diz frases tais como: “O ego resiste ao inconsciente”, então, está-se fazendo uma observação geral, algo que se aplica ao ego médio, desprovido das qualidades mais subjetivas e únicas.”
FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág. 77-78.