“Só através do texto de O segredo da flor de ouro, que faz parte da alquimia chinesa e que Richard Wilhelm me enviou em 1928, pude aproximar-me da essência da alquimia.
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Foi necessário muito tempo até encontrar o fio no labirinto do pensamento alquimista, pois nenhuma Ariadne o pusera em minhas mãos. No Rosarium observei que certas expressões e certos circunlóquios curiosos eram frequentemente repetidos. Assim, por exemplo, solve et coagula, unum vas, lapis, prima materia, Mercurius etc.
Vi que essas expressões eram sempre utilizadas num sentido que eu não chegava a captar de modo seguro. Decidi então organizar um dicionário de palavras-chave com notas explicativas. Com o passar do tempo recolhi milhares de termos, e isso constituiu volumes inteiros de citações. Seguia um método puramente filológico como se estivesse decifrando uma língua desconhecida. Assim, pouco a pouco, foram fazendo sentido para mim as expressões alquimistas. Foi um trabalho que me absorveu por mais de dez anos.”
JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 3760-3772.
Gênese da obra