Estrutura quaternária

A configuração de quatro vezes quatro das gravuras revela que a celebração da missa interior é realizada a serviço da totalidade. Como demonstrou Jung, o núcleo da psique (o self) expressa-se, normalmente, sob a forma de alguma estrutura quaternária: O número quatro está sempre ligado à anima porque, segundo Jung, exis tem quatro estágios no seu desenvolvimento. O primeiro está bem simbolizado na figura de Eva, que representa o relacionamento puramente instintivo e biológico; o segundo pode ser representado pela Helena de Fausto: ela personifica um nível romântico e estético que, no entanto, é também caracterizado por elementos sexuais. O terceiro estágio poderia ser exemplificado pela Virgem Maria uma figura que eleva o amor (eros) à grandeza da devoção espiritual. O quarto estágio é simbolizado pela Sapiência, a sabedoria que transcende até mesmo a pureza e a santidade, como a Sulamita dos Cânticos de Salomão. (No desenvolvimento psíquico do homem moderno, esse estágio raramente é alcançado. Talvez seja a figura da aproxima desse tipo de anima.)

Mas qual a significação, em termos práticos, do papel da anima como guia para o mundo interior? Essa função positiva ocorre quando o homem leva a sério os sentimentos, os humores, as expectativas e as fantasias transmitidas por sua anima e quando ele os concretiza de alguma forma, por exemplo na literatura, pintura, escultura, música ou danca. Quando trabalha calma e demoradamente todas essas sugestões, outros materiais ainda mais profundos surgem do seu inconsciente, entrando em conexão com o material primitivo. Depois que uma fantasia materializou-se de alguma forma especifica, ela deve ser examinada tanto ética como intelectualmente, numa avaliação sensível e calculada.

“Sou a flor dos campos e o lírio dos vales. Sou a mãe do amor terno, do medo, do conhecimento e da sagrada esperança… Sou a mediadora dos elementos, fazendo com que um entre em comunhão com o outro, o que está quente torno frio e o que está frio, quente, o que está seco faço úmido, e vice-versa; o que está rijo eu amacio… Sou a lei na boca do padre, a palavra do profeta e o conselho do sábio. Mato e dou vida, e ninguém pode escapar às minhas mãos.”

Na Idade Média houve uma perceptível diferenciação espiritual nos assuntos religiosos, poéticos se em outras representações culturais; e o mundo fantasioso do inconsciente foi reconhecido mais nitidamente do que antes. Durante esse periodo, o culto cavalheiresco à dama significava uma tentativa de diferenciar o lado feminino da natureza masculina na relação do homem com a mulher (exteriormente) e em relação ao seu próprio mundo interior.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 246-247.

III O processo de individuação

M.-L. Von Franz

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