“Certas tribos acreditam que o homem tem várias almas. Esta crença traduz o sentimento de alguns povos primitivos de que cada ser humano é constituído de várias unidades interligadas apesar de distintas. Isso significa que a psique do individuo está longe de ser seguramente unificada. Ao contrário, ameaça fragmentar-se muito facilmente sob o assalto de emoções incontidas.
Não resta dúvida de que, mesmo no que consideramos “um alto nivel de civilização”, a consciência humana ainda não alcançou um grau razoável de unidade. Ela ainda, é vulnerável e suscetível à fragmentação. Esta capacidade que temos de isolar parte de nossa mente é, na verdade, uma característica valiosa. Permite que nos concentremos em uma coisa de cada vez, excluindo todo o resto que também solicite a nossa atenção.
(…)
Antes do início do século XX, Freud e Josef Breuer haviam reconhecido que os sintomas neuróticos histeria, certos tipos de dor e comportamento anormal – têm. na verdade, uma significação simbólica. São, como os sonhos, un modo de expressão do nosso inconsciente. E são igualmente simbólicos, Um paciente, por exemplo, que cufrenta uma situação intolerável pode ter espasmos cada vez que tenta engolir: “não consegue engolir” a situação. (…) estas reações físicas são apenas uma das formas pelas quais se manifestam os problemas que nos afligem inconscientemente.
(…) diante de um painel, telefonistas fazem várias ligações simultâneas. Nesse tipo de ocupação, as pessoas “dissociam” parte da sua mente consciente para poder concentrar-se. Mas é um ato controlado e temporário, e não uma dissolução espontânea e anormal.”
JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 24-26.
I Chegando ao inconsciente
Carl G. Jung