Giordano Bruno

“O famoso Giordano Bruno também acreditava nisso e esboçou toda uma teoria na qual mostra como um homem podia tornar-se um mago ou um mágico por meio de exercícios internos de meditação. O próprio Giordano Bruno tentou fazer isso meditando sobre certas estruturas de mandala, das quais desenhou um número infinito, recomendando uma delas em especial, feita de metais e de materiais químicos, que deveria ser pendurada na cama sobre a qual se deveria meditar. Se se meditasse durante anos sobre essa mandala quimicamente real, então, como assinalou Bruno, unificar-se-ia a própria personalidade interior e a alma seria poupada de distrações e de dissociações extrovertidas. Se isso fosse feito com a atitude adequada e com certos exercícios que ele chama de contrações (contractiones, mas da maneira como ele os descreve poderíamos denominá-los exercícios de introversão), a pessoa tornar-se-ia um poderoso mago, quando então até mesmo materiais exteriores começariam a desempenhar papéis.

Naturalmente, como todos os que acreditam em magia, ele Foi encorajado pelo fato de vivenciar efetivos eventos sincronísticos. Vocês sabem que o que agora chamamos de sincronicidade era no passado interpretado como um efeito mágico (…)”

*Giordano Bruno e a Tradição Hermética. São Paulo: Cultrix, 1987 (fora de catálogo).

“Naquele tempo, a magia era parcialmente reconhecida pela Igreja, e Campanella, um discípulo dos três acima mencionados, foi até mesmo convocado por um dos papas para executar uma demonstração alquímica e mágica. Descobrira-se que no horóscopo desse papa uma constelação muito desfavorável se aproxi mava e o papa estava aterrorizado com a ideia de que no dia dessa constelação astrológica ele poderia ser assassinado ou morrer. Assim, Campanella foi chamado para efetuar, numa pequena capela do Vaticano, uma espécie de procedimento mágico ou químico, que consistia na mistura de diversos elementos de influências opostas e que manteria afastadas as influências de Saturno e de Marte e de todas as outras constelações negativas, e assim protegeria o papa, resultando disso que ele sobreviveu aquele dia. Vocês percebem que a Igreja, naquela época, reconhecia em parte essas tendências, e até mesmo as utilizava. Mas ser assim tão ingênuo como Bruno o foi, seguir em frente e defender o sistema heliocêntrico, falar sobre muitos mundos e firmamentos, e daí por diante, era ir um pouco longe demais e meter os pés pelas mãos.”

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a Imaginação ativa: estudos integrativos sobre imagens do inconsciente, sua personificação e cura.  Ed. São Paulo: Cultrix, 2022. Pág.64-66.

1. Palestra

Origens da Alquimia: Tradições extrovertidas e introvertidas.

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