Imagem de Deus

“O termo provém dos Pais da Igreja; segundo eles, a Imago Dei está impressa na alma humana. Quando aparece espontaneamente nos sonhos, fantasias, visões etc., deve, do ponto de vista psicológico, ser compreendida como símbolo do si mesmo, símbolo da totalidade psíquica. C.G. Jung: “Só por meio da psique podemos constatar que a divindade age em nós; dessa forma, somos incapazes de distinguir se essas atuações provêm de Deus ou do inconsciente, isto é, não podemos saber se a divindade e o inconsciente constituem duas grandezas diferentes; ambos são conceitos-limite para conteúdos transcendentais. Pode-se, entretanto, constatar empiricamente, com suficiente verossimilhança, que existe no inconsciente um arquétipo da totalidade, que se manifesta espontaneamente nos sonhos etc., e que existe uma tendência independente do querer consciente, visando pôr outros arquétipos em relação com esse centro.

“Por esse motivo, me parece improvável que o arquétipo da totalidade não possua, ele também, uma posição central que o aproxime singularmente da imagem de Deus. A semelhança é ainda sublinhada, em particular, pelo fato de que esse arquétipo cria um símbolo que sempre serviu para caracterizar e exprimir imagisticamente a divindade… A imagem de Deus não coincide propriamente com o inconsciente em sua fatalidade, mas com um conteúdo particular deste último, isto é, com o arquétipo do si mesmo. É este último que não sabemos separar empiricamente da imagem de Deus.

“Podemos considerar a imagem de Deus como um reflexo do si mesmo ou, inversamente, ver no si mesmo uma Imago Dei in homine.”

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 7436-7449.

Glossário

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