Intervenção ativa

“Na psicoterapia de hoje exige-se às vezes que o médico ou o psicoterapeuta “siga”, por assim dizer, o doente e suas emoções. Não creio que seja sempre este o melhor caminho. Às vezes é necessário que o médico intervenha ativamente.

(…)

Era uma pessoa imponente — 1,80m de altura —, capaz de agredir realmente! No início tivemos uma boa conversa. Em determinado instante, porém, tive que dizer-lhe algo muito desagradável. Furiosa, ergueu-se, ameaçando bater-me. Levantei-me e lhe disse: “Pois bem, a senhora é mulher, pode bater primeiro. Ladies first! Depois será a minha vez!” E tal era a minha intenção. Ela sentou-se de novo no sofá, abatida. “Ninguém nunca me falou assim”, lamentou-se. Mas a partir daí a terapia teve êxito. Essa doente tinha necessidade de uma reação viril. No caso, teria sido errado “seguir” a doente. Isso não lhe serviria de nada.

Há anos fiz uma estatística dos resultados de meus tratamentos. Não me lembro mais exatamente dos números, mas falando com prudência, havia um terço de verdadeiras curas, um terço de sensíveis melhoras e um terço sem qualquer resultado. Mas é difícil julgar esses casos em que não há melhora, pois certas coisas só se realizam e são compreendidas depois de vários anos e só então frutificam. Quantas vezes antigos doentes me escreveram: “Só agora, depois de dez anos, percebi o que realmente aconteceu!”

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 2702-2714.

Atividade Psiquiátrica

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