Isso é apenas psíquico

“Livres da pretensão de constituírem verdades independentes, o fato de serem consideradas empiricamente, isto é, segundo a perspectiva das ciências de observação, faz com que tais verdades sejam sobretudo e antes de mais nada fenômenos psíquicos. Este fato me parece indiscutível. Essas verdades pretendem ser fundadas em si mesmas e por elas mesmas; mas o modo psicológico de considerar as coisas perturba essa pretensão: isso não exclui, simplesmente, a possibilidade de que tal exigência seja vista como ilegítima, mas lhe consagra uma atenção toda particular. A psicologia ignora julgamentos tais como: “isso é apenas religioso” ou “isso é apenas filosófico”, ao contrário da censura que a ela se dirige frequentemente, em particular por parte do mundo teológico: “isso é apenas psíquico”.

(…)

A psique não pode ir além de si mesma, isto é, não pode estabelecer o estatuto de qualquer verdade absoluta, pois a polaridade que lhe é inerente condiciona a relatividade de suas afirmações.(…) Caindo na unilateralidade, a psique se desintegra e perde a faculdade de discernimento. Degenera numa sucessão de estados psíquicos irrefletidos (porquanto se mostram refratários à reflexão), cada um deles acreditando-se fundado em si mesmo porque não vê ou não pode ainda ver outros estados.”

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 6283-6302.

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