Kandinsky

“(…) Kandinsky(…) Em seu ensaio A propósito da forma, escreveu: “A arte de hoje encarna o espiritual amadurecido até o ponto de revelação. As formas dessa incorporação podem ser ordenadas entre dois polos: 1) uma grande abstração; 2) um grande realismo. Esses dois polos abrem dois caminhos, que levam a um único alvo final. Esses dois elementos sempre estiveram presentes na arte: o primeiro expressava-se no segundo. Hoje parece que estão a ponto de levar existências separadas. A arte parece ter posto fim ao agradável e perfeito acabamento do abstrato feito pelo concreto, e vice-versa.”

Um ano mais tarde, o artista plástico francês Marcel Duchamp colocou um objeto escolhido ao acaso (um porta-garrafas) sobre um pedestal e o expôs. Jean Bazaine escreveu a propósito: “Esse porta-garrafas, arrancado ao seu destino útil, posto de lado, foi investido da dignidade solitária do destroço abandonado. Servindo a nada, disponível, pronto para tudo, vive. Vive à margem da existência a sua própria vida inquietante e absurda o inquietante objeto, o primeiro passo para a arte.”Nessa estranha dignidade e nesse abandono, o objeto foi exaltado de maneira ilimitada e ganhou um significado que se pode considerar mágico. Daí sua “vida inquietante e absurda”. Tornou-se ídolo e, ao mesmo tempo, objeto de zombaria. Sua realidade intrínseca foi anulada.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 338-340.

IV O simbolismo nas artes plásticas

Aniela Jaffé

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