“Merlin representa a tentativa, por parte do inconsciente medieval, de estabelecer uma figura paralela à de Parsifal. Este é o herói cristão, e Merlin, filho do Diabo e de uma virgem pura, é seu irmão sombrio. No século XII, quando nasceu a lenda, não se dispunha das condições necessárias para compreender o que ela representava. Assim, acabou no exílio; daí, o grito de Merlin, que ressoa ainda na floresta, depois de sua morte. Esse chamado, que ninguém pôde compreender, mostra que ele continua a viver, como uma forma não redimida.
Para a maioria dos homens, com efeito, a vida com o inconsciente é completamente incompreensível. Saber o quanto tudo isso é estranho ao homem é uma das minhas experiências mais indeléveis.”
JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 4181-4187.
A torre