O Caminho para o interior -Anima e Animus

“Em sua autobiografia, Jung conta uma história a respeito da descoberta da anima.Escreve ele que durante seus anos de intenso trabalho interior após romper com Freud em 1913, houve um período em que se questionou sobre a natureza e o valor do que estava fazendo. Isto é ciência?, perguntou-se. Ou é arte? Ele estava registrando seus sonhos, interpretando-os, algumas vezes pintando-os, na tentativa de entender o significado de suas fantasias espontâneas. Num dado momento, ouviu uma “voz” feminina dizer, “Das ist Kunst” [Isto é arte). Surpreso, encetou um diálogo com ela e reconheceu que a voz se parecia com a de uma paciente sua. Ela era, pois, uma espécie de figura internalizada mas que também exprimia alguns do pensamentos inconscientes e valores do próprio Jung. Em seu ego e persona, Jung identificava-se como cientista, não como artista. Mas essa voz expressou um outro ponto de vista. Embora retendo sua posição de ego consciente, ele começou um diálogo com essa figura e um estudo dela. Havia nela mais do que simplesmente a imagem internalizada de sua paciente. Gradualmente, através do diálogo, ela adquiriu forma e assumiu uma personalidade mais completa. “Eu sentia por ela um misto de temor e admiração. Era como a sensação de uma presença invisível na sala” relata ele.

Para Jung, isso foi uma importante experiência interior da anima, e tornou-se um ponto de referência-chave para a manifestação da anima na memória coletiva da psicologia analítica.(…) Convencionalmente, para os homens anima é uma figura feminina; para as mulheres, a figura interior equivalente chamada animus é masculina. Anima e animus são personalidades subjetivas que representam um nivel do inconsciente mais profundo do que a sombra. Para melhor ou para pior, elas revelam as características da alma e conduzem para os dominios do inconsciente coletivo.

(…) referir-me-ei a essa estrutura interna como anima/animus. Ela é, tal como a sombra, uma personalidade dentro da psique que não combina a representação de si mesmo e a identidade de si mesmo refletida pela persona. É diferente, porém, da sombra, na medida em que não pertence do mesmo modo ao ego: é mais “outro” do que a sombra é. Se a distinção entre persona e sombra é “bom versus mau” mais e menos, aspectos positivo e negativo do ego a distinção entre ego e anima/animus é marcada pelas polaridades masculino-feminino.”

 

Stein, Murray. Jung, O Mapa da Alma – Uma introdução. Ed. Cultrix, 2020, Local Kindle 3114-3138.

6. O Caminho para o interior (Anima e Animus)

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