O cristianismo recusou ouvir aqueles que davam expressão

“Alguns nada querem saber sobre o mal e outros com ele se identificam. Tal é a situação psicológica do mundo atual. Alguns ainda se imaginam cristãos e pretendem calcar com os pés o suposto mal, enquanto outros sucumbem a ele, sem discernir mais o bem. O mal tornou-se, hoje, uma grande potência visível: metade da humanidade apoia-se numa doutrina fabricada a golpes de elucubrações humanas; a outra, sofre a falta de um mito apropriado à situação.

O cristianismo recusou ouvir aqueles que davam expressão à dinâmica obscura das representações míticas. Um Gioacchino da Fiore, um Meister Eckhart, um Jacob Boehme, e muitos outros, foram mantidos em segredo para a grande maioria dos homens. O único raio de luz é Pio XII e seu dogma,2 mas nem mesmo se compreende o que eu pretendo dizer com isto. Não se compreende que um mito morre quando não vive mais ou quando seu desenvolvimento cessa. Nosso mito emudeceu e não mais nos responde. A culpa, porém, não cabe a ele, tal como está contido nas Sagradas Escrituras, mas a nós que não continuamos a desenvolvê-lo; pelo contrário, impedimos todas as tentativas efetuadas nesse sentido.”

 

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões. Ed. Nova Fronteira, 2019, Local Kindle 5941-5945.

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