O estado subliminar

“Mas por que, podemos perguntar-nos, não pode o sonho ser mais direto e aberto, dizendo o que tem a dizer sem tanta ambiguidade? Várias vezes já me fizeram esta pergunta. E eu também já a fiz a mim mesmo. Fico surpreso com os caminhos tortuosos que os sonhos seguem para evitar informações precisas ou omitir algum ponto decisivo.

Parece-me, na verdade, que com a aproximação da consciência, o conteúdo subliminar da psique se “apaga”. O estado subliminar conserva ideias e imagens em um nível de tensão bem menor do que o que elas possuem quando conscientes. Definem-se com menor clareza; as suas inter-relações são menos óbvias e repousam em analogias mais imprecisas; são menos racionais e, portanto, mais “incompreensíveis”.

É essa observação que nos permite compreender por que os sonhos tantas vezes se expressam sob a forma de analogias, por que uma imagem onírica se funde em outra e por que nem a lógica nem o tempo da nossa vida diária parecem ter neles qualquer aplicação. Os sonhos têm um aspecto natural para o nosso inconsciente porque o material de que são produzidos é retido em estado subliminar precisamente dessa forma.

(…) um sonho não pode pro duzir um pensamento definido.E se começar a fazê-lo, deixa de ser sonho, pois estará atravessando o limiar da consciência.

Devemos entender que os símbolos do sonho são, na sua maioria, manifestações de uma parte da psique que escapa ao controle do consciente. (…) Assim como uma planta produz flores, a psique cria os seus simbolos. E todo sonho é uma evidência desse processo.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 77-78.

I Chegando ao inconsciente

Carl G. Jung

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