O impulso dos alquimistas

“Há sentenças em que até mesmo a palavra theion, divino, aparece, e simplesmente não se sabe se ela deve ser traduzida como o mistério divino básico do universo ou se deve ser traduzida por enxofre! É por isso que, praticamente, não se podę utilizar nenhuma das traduções, mas é preciso aprender grego e latim e fazer nossa própria retradução.

(…) o homem sempre pensou que desvendar o mistério do cosmos e da existência o levaria para mais perto daquela força misteriosa que os criara, qualquer que fosse essa força.

Esse impulso arquetípico mitológico que havia por trás da autêntica ânsia de investigar daqueles cientistas ainda sobrevive nos grandes cientistas de nossos dias. Se, ao discutir com Niels Bohr, Einstein exclama subitamente com comoção: “Então, Deus não joga dados”, ele se revela. O impulso dinâmico último de tornar-se um fisico baseia-se no desejo de saber mais sobre como Deus trabalha, e se, depois de ouvir que o princípio da paridade não é mais completamente válido pois sofreu uma ruptura, a primeira exclamação de Pauli foi: “Então, Deus é, afinal de contas, um canhoto”, tem-se a mesma coisa! Desse modo, vocês percebem que eles ainda são dois alquimistas, em versão moderna, e que seu interesse pela investigação do mistério da matéria também não é veiculado apenas por impulsos materiais, ou por oportunismo ou por ambição acadêmica, como ocorre com os espíritos menores. Os realmente grandes e criativos tinham o mesmo impulso que os alquimistas: descobrir mais acerca daquele espírito ou coisa divina, ou como quer que vocês o chamem, que existe por trás de toda existência.

“(…) eles se confundiam por não poderem consultar seus colegas, uma vez que todos eram experimentadores solitários. Assim, eles falavam sobre uma linguagem exotérica e sobre uma linguagem esotérica, e desse modo envolviam-se numa confusão (…)”

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a Imaginação ativa: estudos integrativos sobre imagens do inconsciente, sua personificação e cura.  Ed. São Paulo: Cultrix, 2022. Pág.26-28.

1. Palestra

Origens da Alquimia: Tradições extrovertidas e introvertidas.

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