O símbolo do círculo

“A dra. M.-L. von Franz explicou o círculo (ou esfera) como um símbolo do self ele Lexpressa a totalidade da psique em todos os seus aspectos, incluindo o relacionamento entre o homem e a natureza. Não importa se o símbolo do círculo está presente na adoração primitiva do Sol ou na religião moderna, em mitos ou em sonhos, nas mandalas desenhadas pelos monges do Tibete, nos planejamentos das cidades ou nos conceitos de esfera dos primeiros astrônomos: ele indica sempre o mais importante aspecto da vida sua extrema e integral totalização.

Além do círculo, uma imagem muito comum do iantra é formada por dois triângulos que se interpenetram, um apontando para cima. outro para baixo. Tradicionalmente, essa forma simboliza a união de Shiva e Shakti, as divindades masculina e feminina, e aparece também na escultura em um sem-número de variações. Com relação ao simbolismo psicológico, expressa a união dos opostos-a união do mundo pessoal e temporal do ego com o mundo impessoal e atemporal do não ego, Concluindo, essa união é a consumação e o alvo de todas as religiões: é a união da alma com Deus. Os dois triângulos interpenetrados têm um significado simbólico semelhante ao da mandala circular mais comum: representam a unidade e a totalidade da psique ou self, de que fazem parte tanto o consciente quanto o inconsciente.

Em ambos, tanto nos triângulos iantras quanto nas esculturas representando a união de Shiva e Shakti, é acentuada a tensão entre os opostos. Daí o caráter marcadamente erótico e emocional de muitos desses símbolos. Essa qualidade dinâmica implica um processo a criação ou o nascimento da unidade, enquanto o círculo de quatro ou oito raios representa a própria unidade, isto é, uma entidade existente.

O círculo abstrato também aparece na pintura zen. Referindo-se a um quadro intitulado O círculo, do famoso sacerdote zen Sangai, outro mestre zen escreve: “Na seita zen, o círculo representa o esclarecimento, a iluminação. Simboliza a perfeição humana.

De acordo com Plutarco, Rômulo mandou buscar arquitetos na Etrúria que lhe ensinaram costumes sacros e leis a respeito das cerimônias que seriam feitas do mesmo modo que nos “mistérios”. Primeiro cavaram um buraco redondo onde se ergue agora o Comitium, ou Congresso e dentro dele jogaram oferendas simbólicas de frutos da terra. Depois cada homem pegou um pouco de terra do lugar onde nascera e jogou-a dentro da cova feita. A essa cova deu-se o nome de mundus (que também significava “cosmos”). Ao seu redor, Rômulo, com uma charrua puxada por um touro e uma vaca, traçou os limites da cidade em um círculo. Nos lugares planejados para as portas retirava-se a relha do arado e carregava-se a charrua.

A cidade fundada nessa cerimônia solene tinha forma circular. No entanto, a velha e famosa descrição de Roma refere-se à urbs quadrata, a cidade quadrada. De acordo com uma teoria que tenta explicar essa contradição, a palavra quadrata deve ser entendida como quadripartita, isto é, a cidade circular dividida em quatro partes por duas artérias principais que corriam de norte a sul e de leste a oeste. O ponto de interseção coincidia com o mundus mencionado por Plutarco.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 323-326.

IV O simbolismo nas artes plásticas

Aniela Jaffé

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