“(…) Em outras palavras, números não são conceitos conscientes inventados pelo homem com o propósito de calcular: são produtos espontâneos e autônomos do inconsciente, como o são outros símbolos arquetípicos.
No entanto, os números naturais são também qualidades pertencentes aos objetos exteriores: podemos assegurar e contar que aqui existem duas pedras ou três árvores acolá. Mesmo se despojarmos os objetos de outras qualidades como cor, temperatura, tamanho etc. ainda resta a sua “quantidade” ou multiplicidade especial. No entanto, esses mesmos números também fazem parte indiscutível da nossa própria organização mental conceitos abstratos que podemos estudar sem nos referirmos a objetos exteriores. Os números parecem ser, portanto, uma conexão tangível entre as esferas da matéria e as da psique. De acordo com certas sugestões feitas por Jung, encontraremos neles um campo promissor para pesquisas futuras.
Menciono rapidamente esses difíceis conceitos a fim de mostrar que, na minha opinião, as ideias de Jung não constituem uma “doutrina”, mas são o começo de uma nova perspectiva que continuará a desenvolver-se e a evoluir.
O valor das ideias criativas está em que, tal como acontece com as “chaves” elas ajudam a “abrir” conexões até então ininteligíveis de vários fatos, permitindo que o homem penetre mais profundamente no mistério da vida.”
JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 428.
Conclusão
M. L. von Franz