“Ainda mais próximo da prática analítica e da teoria psicológica de Jung está um fenômeno que ele assinala com fascínio, a saber, que a compensação psicológica ocorre não só em sonhos mas também em acontecimentos não psicologicamente controlados. A compensação chega, por vezes, do mundo exterior. (…) o aparecimento de imagens arquetípicas em sonhos pode coincidir com outros acontecimentos. Os fenômenos compensatórios atravessam as fronteiras comumente aceitas entre sujeito e objeto, e manifestam-se no mundo objetivo.”
“Os arquétipos, concluiu ele, são passíveis de transferência, ou seja, não estão limitados à esfera psíquica. Em sua transferibilidade, podem surgir na consciência quer oriundos do interior da matriz psíquica, quer do mundo à nossa volta – ou de ambos simultaneamente. Quando ocorrem ao mesmo tempo, são chamados de sincronísticos.”
“Em 1952, ele e o Nobel de Física Wolfgang Pauli publicaram juntos o livro Naturerklarung und Psyche [A interpretação da Natureza e a Psique], que era uma tentativa de elucidação das possíveis relações entre natureza e psique.”
“(…)existe um alto grau de continuidade entre a psique e o mundo, de tal modo que imagens psíquicas (as quais incluem também os núcleos de pensamentos científicos abstratos, como o de Kepler) podem revelar também verdades sobre a realidade no espelho refletor da consciência humana. A psique não é algo que começa e termina somente em seres humanos e em isolamento do cosmo. Há uma dimensão na qual a psique e o mundo interagem intimamente e se refletem reciprocamente. Esta é a tese de Jung.”
Stein, Murray. Jung, O Mapa da Alma – Uma introdução. Ed. Cultrix, 2020, Local Kindle 4824-4901.
9. Do tempo e eternidade (Padrões no Caos)