Relação do self com a natureza

“(…) (Imaginação ativa é uma certa forma de meditar com o auxilio da imaginação, e em cujo processo pode-se entrar deliberadamente em contato com o inconsciente, estabelecendo uma relação consciente com os seus fenômenos psíquicos.) A imaginação ativa está entre as mais importantes descobertas de Jung.

O self é, muitas vezes, simbolizado por um animal que representa a nossa natureza instintiva e a sua relação com o nosso ambiente. (É por isso que existem tantos animais bondosos e solidários nos mitos e contos de fadas.) Essa relação do self com a natureza à sua volta e mesmo com o cosmos vem, provavelmente, do fato de o “átomo nuclear” da nossa psique estar, de certo modo, conectado ao mundo inteiro, tanto interior como exteriormente. Todas as manifestações superiores da vida estão, de uma certa maneira, sintonizadas com o contínuo espaço-tempo.

(…) um zoólogo famoso logo declarou que o “interior” de cada animal se estende amplamente sobre o mundo à sua volta, “psiquificando” tempo e espaço.

De um modo que foge completamente à nossa compreensão, o nosso inconsciente também está sintonizado com o nosso ambiente nosso grupo, a sociedade em geral e, além de tudo, com o contínuo espaço-tempo e a natureza no seu todo.

(…) Jung descobriu que os sonhos podem dar também ao homem civilizado a orientação de que ele necessita para a solução dos problemas da sua vida interior e exterior. Na verdade, muitos dos nossos sonhos dizem respeito detalhadamente à nossa vida exterior e ao nosso ambiente. A árvore que cresce diante da nossa janela, a nossa bicicleta, o nosso carro ou uma pedra que se apanhou durante uma caminhada podem, por meio da nossa vida onírica, ser elevados ao nível de símbolos, tornando-se especialmente significativos. Se prestarmos atenção a nossos sonhos em lugar de vivermos em um mundo frio, impessoal, de acasos sem maior sentido, poderemos emergir aos poucos, para um mundo realmente nosso, repleto de acontecimentos importantes que obedecem a uma ordem secreta.

(…) Nossa mente consciente cria, continuamente, a ilusão de um mundo exterior “real”, claramente definido, que bloqueia muitas outras percepções. No entanto, por meio da nossa natureza inconsciente conservamo-nos inexplicavelmente ligados ao nosso ambiente psíquico e fisico.”

 

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Ed. Harper Collins, 2016, Pág 274-277.

III O processo de individuação

M.-L. Von Franz

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