“Se se tem o que poderia ser chamado de “complexo solar”, então tudo acaba sendo solar, e se se tem o “complexo lunar”, tudo é lunar.
No inconsciente todos os arquétipos estão contaminados um pelo outro. É como se diversas fotografias fossem impressas umas sobre as outras; elas não podem ser separadas. Isto tem a ver, provavelmente, com a relatividade atemporal e espacial do inconsciente. É como um pacote de representações que estão simultaneamente presentes. Somente quando o consciente olha para elas, um tema é selecionado, é como se colocasse uma lanterna acesa, e tudo depende de onde se coloca o facho de luz em primeiro lugar, pois, de alguma forma, sempre se obtém todo o inconsciente coletivo.
(…)
Na realidade, pode-se interpretar um conto de fada com qualquer das quatro funções da consciência. O “tipo-pensamento” apontará a estrutura e a maneira pela qual todos os temas se conectam. O”tipo-sentimento” colocará todos numa ordem de valores (hierarquia de valores) que é igualmente racional. Com a ajuda desta função uma interpretação boa e completa de contos de fada pode ser feita. O “tipo-sensitivo” se contentará somente em olhar os símbolos e amplificá-los. O “tipo-intuitivo” verá todos os elementos na sua totalidade; ele será o melhor dotado para mostrar que o conto de fada, tomado em seu conjunto, não é uma história discursiva, mas é realmente uma única mensagem com muitas facetas. Quanto mais diferenciadas e desenvolvidas são as funções do cons- ciente, melhor e mais rica será a interpretação feita, pois, a história será circundada, tanto quanto possível, pelas quatro funções.”
FRANZ, Marie-Louise von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 2022, pág. 33-34.
Teorias dos contos de fada