Sexualidade e relacionamentos

“Mas Jung também achou que, se o indivíduo fosse capaz de suportar as labaredas da emoção e da paixão, poderia ser transformado. A experiência do arquétipo, do inconsciente coletivo e seus poderes, pode levar a um novo estado de consciência no qual a realidade da psique torna-se tão convincente para o ego quanto a realidade do mundo material para os sentidos. A anima/animus, uma vez experimentada como transcendente e reconhecida como Maya, converte-se na ponte para uma apreensão totalmente nova do mundo. A experiência de anima/us é a Estrada Real (a via regia) para o si-mesmo. A teoria da anima/animus de Jung parece, em parte, ser uma variação altamente imaginativa sobre o velho tema de Freud da sexualidade como fonte central da libido. Mas na sexualidade humana vê Jung muito mais do que animais cruzando no cio e tentando aliviar-se da tensão ou buscando o prazer.

Estão envolvidos fatores psíquicos de atração, e quando estes se separam e distinguem da concomitante atividade biológica, surge a imagem. Essa imagem é um fato psíquico cuja fonte se situa na ponta arquetípica do espectro psíquico. Está unida à pulsão sexual e essa combinação dá à anima/us sua força propulsora fisica.

A sexualidade humana é guiada pela imagem arquetípica, mas a imagem não é redutível ao Impulso.”

“É uma típica briga de gato-e-cachorro de anima contra animus.

Se a emotividade e o vitupério, o calor e a pirotecnia desse conflito esmorecem um pouco, há uma possibilidade de que tenham sido ditas coisas que são importantes para o casal. Uma vez os egos restabelecidos em suas posições normais, eles podem até dar-se conta de que ocorreu algum evento transcendente.

O que foi dito não era, provavelmente, muito pessoal. Era mais geral, coletivo, talvez até arquetípico e universal. Talvez exista um germe de sabedoria escondido na escura massa de material expelida por cada parceiro. Talvez alguns esclarecimentos e insights possam resultar da tempestade que amainou. Isso seria o trabalho da consciência, pairando acima do nível de emotividade e chegando ao insight e empatia. A pessoa terá tido, pelo menos, uma visão de relance das profundidades de si mesmo e do outro, da vastidão imensa das emoções que estão normalmente encobertas pela persona socializada e adaptada.”

Stein, Murray. Jung, O Mapa da Alma – Uma introdução. Ed. Cultrix, 2020, Local Kindle 3652-3713.

6. O Caminho para o interior (Sexualidade e relacionamentos)

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