Ausência de distância

“A rede se transforma, hoje, em um campo de ressonância especial, em uma câmara de eco, da qual é eliminada toda alteridade, toda estranheza. A ressonância real pressupõe uma proximidade do outro. Hoje, a proximidade do outro dá lugar à ausência de distanciamento do igual. A comunicação global permite apenas iguais outros ou outros iguais.

Está inscrita na proximidade, como sua contraparte dialética, a distância. A eliminação da distância não produz mais proximidade, mas a destrói. Em lugar da proximidade surge uma completa ausência de distância. Proximidade e distância estão imbricadas uma na outra. Uma tensão dialética as mantém unidas. Ela consiste em que as coisas são animadas justamente por seu oposto, pelo outro de si mesmas.”

HAN, Byung-Chul.A expulsão do outro: Sociedade, percepção e comunicação hoje. Ed. Vozes, 2022, Local 111-114.

Terror do igual

Habilidade de Suportar a Verdade da Incoisitude

“Em tibetano, a palavra zopa é normalmente traduzida como “paciência”, “persistência” ou “tolerância”. Não acredito que tenhamos uma palavra que descreva a profundidade e o sentido dessa palavra pelo menos não a encontrei ainda. Ainda que zopa tenha muitas definições, a mais provocativa que encontrei está descrita por Patrul Rinpoche, iogue andarilho do século XIX, em seu texto As palavras do meu professor perfeito. Ele descreve zopa como “a habilidade de suportar a verdade da incoisitude ou da ausência de fronteiras das coisas“. O que significa tolerar a incoisitude? Boa pergunta.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 72.

Não Há Coisa nas Coisas

“Uma experiência plena surge unicamente da nossa habilidade em conhecer a verdade da incoisitude, a verdade de que não há “coisa” nas coisas. Quando falamos da ausência de fronteiras das coisas, estamos nos posicionando para conhecer sua verdade ou essência.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 71.