Relação Com o Sofrimento

“A investigação sobre o sofrimento marca nossa entrada no caminho budista. O Buda nos ensinou, usando muitas diferentes palavras, a contemplar ou acomodar o sofrimento. O sofrimento tem algo a nos oferecer.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 89.

Sem Palavras para a Liberação

“No entanto, a preocupação inicial do Buda levanta uma importante questão: como descrever uma experiência que está além de palavras? Como falar sobre algo que não pode ser objetificado? No momento em que tentamos empacotar uma experiência com nossa mente conceitual, nós perdemos essa experiência. Reduzimos sua qualidade ilimitada a uma coisa.

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 78.

A Verdade das Coisas

“Koans levam a arte do questionamento para o terreno da prática. Koans são perguntas que emergem da mente dualista e conceitual. Mas não somos capazes de respondê-las com a mesma mente que perguntamos. Na busca por uma resposta, eles nos levam além da mente de objetificação. Normalmente associamos koans à prática Zen. Talvez os praticantes Zen tenham tido a ideia da prática do koan inspirados no próprio Buda.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 75.

Compreensão e Iluminação

A negação retira a consciência do nosso desconforto, buscando a liberação sem levar em conta nossa experiência. Isso soa familiar? O Buda abandonou seu retiro na floresta por ter compreendido que o desenvolvimento espiritual não seria possível por meio da negação do mundo físico, dos pensamentos, das emoções e percepções. Em outras palavras, ele entendeu que atingir a iluminação não será possível se rejeitarmos e negarmos os acontecimentos que são a nossa vida em si.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 65.

O Correto Entendimento do Caminho do Meio

“Se ainda não tivemos uma experiência direta da interdependência e da ausência de fronteiras, as coisas podem ficar um tanto quanto abstratas e vagas. Por exemplo, quando se deparam pela primeira vez com o Caminho do Meio, as pessoas algumas vezes pensam: “Bem, se não podemos encontrar os parâmetros do eu e do outro, isso deve significar que tudo é um”. Você já ouviu essa piada: “O que o Buda disse para o vendedor de cachorro-quente?” “Faça-me Um com tudo”. Mas o que isso significa exatamente? Será que significa que tudo é igual? A maioria de nós argumentaria que não é desse modo que experienciamos o mundo.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 56.

Reflexo da Nossa Imagem

“Então, o Buda olha profundamente dentro da natureza do conhecer e compreende que, tanto quanto o corpo, nossa habilidade de conhecer qualquer coisa também surge na dependência de outros elementos. A mente funciona como um espelho no qual todas as formas, pensamentos, emoções e sensações são refletidos. Quando olhamos para nosso reflexo no espelho, não conseguimos separar o espelho do nosso reflexo nele. Espelhos, por definição, sempre refletem imagens – a imagem e o espelho dependem um do outro. Não podemos dizer que nosso reflexo e o espelho são uma só e mesma coisa nem podemos dizer que estão separados. Nem são a mesma coisa, nem são coisas separadas… vemos o reflexo de nosso rosto, claro e reconhecível.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 53-54.

O Caminho do Meio Como Investigação

A experiência do Caminho do Meio leva nos por completo para além do pensamento limitado aos extremos para além dos nossos pressupostos sobre o mundo. Não propõe que rejeitemos o sofrimento e busquemos o nirvana em outro lugar. Não nos aconselha a abandonar nossas vidas funcionais para começar, em vez disso, uma “vida espiritual”. Não afirma a existência das coisas, tampouco nega a que temos delas. Em vez disso, a experiência do Caminho do Meio nos conduz por um processo de investigação que questiona a natureza da existência, não existência, eu, outro, felicidade, sofrimento, espiritualidade e o mundo da experiência. Se nós seguirmos esse processo de investigação, ele nos levará a um lugar de certeza além das conclusões. Foi exatamente o que aconteceu com o Buda.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 46.

Mente de Pergunta Aberta

Quando o Buda desistiu de sua busca por respostas, ele se deparou com uma alternativa que não sabia existir – a mente de uma pergunta aberta. O Buda descobriu que, quando se fazia uma pergunta, sua mente estava ativa, mas ao mesmo tempo aberta. O processo de questionar a si mesmo o protegeu tanto do extremo da ignorância quanto o da certeza falsa, abrindo espaço para a expressão da inteligência criativa da mente. Ele encontrou uma maneira de estar dentro da mente de uma pergunta aberta, que era profundamente clara, ativa e cheia de aventura, e chamou-a de Caminho do Meio.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 45.

O Caminho do Meio

“O fato de a pergunta que o Buda se fez tê-lo conduzido até seu despertar é parte significativa de sua história, e deveríamos nos lembrar disso. Em sua biografia encontramos uma mensagem simples: acessamos nossa inteligência mais grandiosa ao nos envolvermos com a vida a partir de espirito de questionamento, não pela busca de conclusões absolutas.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 44.

Falsa Promessa da Segurança

“Um desses pressupostos é o de que as coisas possuem qualidades inatas que podem nos fazer felizes e nos proteger da incerteza, da solidão e do medo. Se, enfim, tivéssemos mais poder e influência, seríamos felizes. Se estivéssemos em um relacionamento, não nos sentiríamos tão sozinhos. Se tivéssemos mais dinheiro e beleza, não nos sentiríamos tão inseguros. Individualmente, cada um de nós tende a buscar um estado confortável de autoengano. A sociedade oferece-nos a promessa da segurança: você precisa disso, você precisa daquilo; ei, olhe para cá; isto fará você maior, isto fará você menor; isto fará você mais jovem e mais viril.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 38.