“Uma palavra é a materialização de uma ideia. É o ato gerado pela ideia. Aqueles que estudam filologia em escolas comuns não são competentes na técnica magnética e mágica da palavra. (…)Alma, vida e pensamento são palavras, sons e sinais; são efeitos e obras; são cálculos e monumentos; são sensações e são… nada.
As sensações podem ser ou podem não ser eficazes para determinar a verdade do que existe. Os dois fatores devem ser memória e vontade; consciência é apenas o sentimento persistente que resulta do trabalho conjunto dos três fatores:
sensibilidade
memória perene (evidência irrefutável, consciência)
vontade
A sensibilidade é enganosa, a memória pode ser igualmente enga- nosa, a vontade pode ser dominada por uma vontade de maior dina- mismo. Consequentemente, a evidência da verdade tem de vir de um sentido que é mais sutil, mais profundo, mais elevado que a simples consciência animal ou sensorial.
A consciência é uma sensação na medida em que é resultado de coi- sas complexas e distintas agindo sobre o corpo humano (…)
Mas o homem psiquicamente avançado tem uma segunda consciên- cia, que não é resultado de ações físicas e que contém um certo sentido inexprimível, luminoso, que destaca e separa as duas setas resultantes da equação do livre poder individualizado do éter de Hipócrates e da corrente externa.
(…)
Palavras são expressões e deturpações de ideias concebidas. Falar significa tornar material. Falar é dissolver. Ouvir uma fala é desviar-se, caso a pessoa não vá além das palavras faladas e não apreenda as ideias por trás delas. O grande mistério reside no silêncio dos sentidos para permitir a evolução ou purificação do espírito encarnado.
O dogma da onipotência do Ser-Deus (Tetragrammaton) contém a união de dois elementos ativos agindo sobre o mesmo elemento passivo. Mas se o Universo, ou macrocosmo, contém este poder absoluto, o mi- crocosmo, ou homem (Deus-Homem), contém, por analogia, os mes mos elementos.
(…)
(…) a magia, a ciência perfeita, não deve ser compreendida apenas como manifestação dos poderes ocultos de uma pessoa sobre outras pessoas ou coisas, mas deve nos levar a ver a mente humana como manifestação da harmonia divina em todo o meio histórico no decorrer de longas eras.
(…) a partir de seus tormentos, da cruz em que foi pregado, ele realizou, através do Consummatum est, o maior ato de magia social: preparou o caminho para novos tempos, pôs em movimento a ideia de harmonia que, vinte séculos depois, ainda não está completamente concretizada e viva.
*A ciência divina pode ser confiada apenas a homens puros, isto é, homens que não têm interesse pessoal e, consequentemente, estão livres de necessidades e ambições. Seguir a estrada da ciência secreta dos magos com um desapego apenas aparente é obra de feiticeiros. O egoísmo é o padrão. O egoísmo é a pedra de toque de todos os iniciados. Os governos teocráticos de tempos antigos não estavam baseados na indústria religiosa, como os jovens costumam ser levados a crer. Eles na verdade representaram a atração dos povos por homens iluminados que agiam de forma desinteressada.”
KREMMERZ, Giuliano. Introdução à ciência hermética: O caminho iniciático para a magia natural e divina. Editora Pensamento, 2022, Pág.180-184.
Terceira Parte
Os Mistérios da Taumaturgia