Digerir Experiências

“Como digerimos as experiências?

Quando comemos, nós ingerimos, processamos e eliminamos comida. Nossos corpos usam a comida como combustível para a vida e eliminam aquilo que não é mais útil. Seria ótimo poder afirmar que digerimos nossas experiências com a mesma facilidade. Mas há algo a respeito de sermos humanos que faz com que isso não nos aconteça naturalmente. Parece que não conseguimos assimilar a experiência, deixar que ela trabalhe em nós e depois deixá-la ir. Ou nós nos recusamos a ingerir a experiência -e nesse caso nossa vida não nos nutre – ou nos agarramos à experiência até que ela se torne tóxica. A luta que travamos com a experiência nos dá indigestão mental e emocional. Nossa relação com a experiência é sempre de luta contra o mundo-rejeitar o que não é desejado, tentar consertar as coisas e criar estratégias para vivermos à margem da experiência.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 144-145.

Toda a Força

“Se a condição humana pudesse ser consertada, com certeza o Buda o haveria feito muito tempo atrás. Estou segura de que Madre Teresa ou Mahatma Gandhi teriam decifrado o código. E certamente o Dalai Lama iria se assegurar de que alguma coisa fosse feita. A bondade desconcertante das figuras mais iluminadas da história, tanto do passado quanto do presente, é tal que, apesar de conhecerem a natureza não consertável das coisas, fizeram tudo o que podiam para servir os outros. De fato, elas tentaram com toda a força que tinham.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 108.

A Cura Promete Bem-Estar

“O ponto é que a cura não nos promete que as coisas funcionarão da forma como queríamos inicialmente. Ela não nos promete que a velhice, doença e morte serão curadas. Não promete uma vida sem dor. Mas promete, sim, um bem-estar fundamental um bem-estar que se encontra dentro.”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 95.

Admitir o Sofrimento

Nosso modus operandi usual é tentar livrar nossa vida do sofrimento reorganizando as coisas. Em vez de admitir o sofrimento como parte de nossa experiência, tendemos a fabricar estratégias esperançosas de prevenção. Meu amigo Buddy, praticante do método Rolfing, conta que os clientes quase sempre entram em sua clínica esperando ser “consertados” – esperam chegar a um estado físico completamente livre de dor. Este não é um desejo disparatado. Ninguém quer sofrer. Mas precisamos nos perguntar: “Este misterioso e dinâmico organismo que habitamos é passível de ser consertado? Ele alguma vez atingirá um estado final de equanimidade, em que não sentirá o movimento, o prazer e a dor do universo infinito do qual faz parte?”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 93.