Fantasias Familiares

“É evidente que as fantasias infantis que todos ainda acalentamos no inconsciente surgem continuamente nos mitos, contos de fadas e nos ensinamentos da Igreja, como símbolos do ser indestrutível. Isso nos ajuda, pois a mente sente-se em casa com as imagens e parece lembrar-se de algo já conhecido. Mas essa circunstância também se configura como obstrução, já que os sentimentos terminam por se manter nos símbolos e resistem  apaixonadamente a todo esforço de ir além deles.”

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 166.

O Sapo

“O repugnante e rejeitado sapo ou dragão do conto de fadas traz a bola do sol na boca; pois o sapo, a serpente, o rejeitado, é o representante daquela profunda camada inconsciente (“tão profunda que não é possível ver-lhe o fundo”) em que são guardados todos os fatores, leis e elementos da existência rejeitados, não admitidos, não reconhecidos, desconhecidos ou subdesenvolvidos“.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 61.

Felizes para Sempre?

“O final feliz do conto de fadas, do mito e da divina comédia do espírito deve ser lido, não como uma contradição, mas como transcendência da tragédia universal do homem. O mundo objetivo permanece o que era; mas graças a uma mudança de ênfase que se processa no interior do sujeito, é encarado como se tivesse sofrido uma transformação. Onde antes lutavam a vida e a morte, agora se manifesta o ser duradouro“.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p.34.

Ovo de Pulga

“O prodígio reside no fato de a eficácia característica, no sentido de tocar e inspirar profundos centros criativos, estar manifesta no mais despretensioso conto de fadas narrado para fazer crianças dormir – da mesma forma como o sabor do oceano se manifesta numa gota ou todo o mistério da vida num ovo de pulga”.

Campbell, Joseph. O herói de mil faces. Pensamento, São Paulo, 2007, p. 15.