Vencer o Mal com o Amor

(…) uma advertência para dissuadir criminosos potenciais, fazendo com que o castigo fosse equivalente ao crime.

As leis espirituais são eternamente verdadeiras, mas sua aplicação – registrada nos critérios que governam uma sociedade – pode requerer, em diferentes regiões e épocas, adaptações maiores ou menores de acordo com a natureza do ambiente em que são decretadas.

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(…) não resistir ao mal com os métodos do mal. Jesus aconselha o homem a vencer o mal com a virtude infinitamente poderosa do perdão e do amor.

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O ódio aumenta com o ódio, assim como o fogo aumenta com o fogo; mas, tal como o fogo é extinto pela água, também a ira é subjugada pela benevolência.

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O ideal de não fazer retaliações não justifica submeter-se passiva mente ao erro nem à aprovação tácita do mal. Oferecer a outra face não visa fazer com que a pessoa se torne mental ou moralmente fraca, nem sugere suportar um relacionamento pessoal abusivo ou violento, mas sim instilar a força do autocontrole alcançada pela superação do impulso de agir sob a influência de um sentimento de vingança. Retaliar é um reflexo fácil, mas é preciso ter grande força mental para não revidar o golpe. Somente uma pessoa com forte caráter espiritual e elevados princípios pode resistir ao mal com a virtude.

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A pessoa que se aperfeiçoou na prática da não-violência não permite a ninguém roubar-lhe a paz interior.”

YOGANANDA, Paramahansa. A Segunda Vinda de Cristo, A Ressurreição do Cristo Interior. Comentário Revelador dos Ensinamentos Originais de Jesus. Vol. I. Editora Self, 2017, pág. 523-524.

Capítulo 27: Cumprir da Lei. O Sermão da Montanha, Parte II.

O Dia de Sexta-Feira

“Embora o motivo real que levou Jesus à morte fosse de natureza religiosa, além de julgado pelo Tribunal Sagrado do Sinédrio, a verdade é que o Sumo Sacerdote colheu provas e material suficiente para culpá-lo sob as leis romanas e assim crucificá-lo por um crime de Estado. A lapidação, o estrangulamento ou sacrifício na fogueira eram processos de punição aos que se rebelavam contra a Lei mosaica. Mas a cruz era um suplício romano destinado a punir escravos, rebeldes, criminosos, ladrões ou conspiradores, o que lançava a ignominia sobre a vítima. O Sinédrio poderia sentenciar quanto à lapidação e depois conseguir a confirmação do Pretório de Roma para executá-la; mas os procuradores romanos, em geral, fechavam os olhos a essas questões religiosas dos judeus, deixando-os algo livres para agirem conforme sua lei. Era um assunto particular e Roma saía mais beneficiada a morte de mais um judeu, mesmo porque isso era providência dos próprios patrícios.

Aliás, algum tempo depois da morte de Jesus, foi lapidado Estêvão, um dos seus seguidores, sob a custodia de Saulo de Tarso; e isso fora feito sem qualquer consulta à Procuradoria de Roma. Porventura, não havia o paradoxo de se lapidar as mulheres adulteras, na rua, o que se fazia de imediato e sem a autorização dos romanos? Mas Hanan, o verdadeiro mentor da tragédia do Gólgota, alma vil e vingativa, demonstrou a Caifás que Jesus, rabi da Galileia, era um fascinador de multidões, aceito e reverenciado como um “reformador religioso”, judeu. Em consequência, se ele fosse lapidado pela sentença do Sinédrio, deixaria um rasto de encanto sentimental entre o povo e forte motivo para a reação no seio dos seus próprios asseclas. (…) Assim como tantas vezes tem acontecido na história do mundo, ponderava Hanan, em breve Jesus seria transformado num mártir para execração dos seus patrícios algozes. (…) Em consequência, morto o chefe do movimento cristão, nem por isso seriam liquidadas as suas ideias. Era preciso evitar a auréola messiânica que se formaria em tomo do “Salvador” de Israel, pois a multidão é versátil e muda rapidamente por um simples gesto que a encanta ou por uma palavra que a comove.”

RAMATÍS. O Sublime Peregrino. Obra psicografada por Hercílio Maes. São Paulo: Ed. Conhecimento, 2020, pág. 370-371.

 

A Espera do Messias

“Do ponto de vista sociológico, os vícios e práticas degradantes haviam se popularizado entre as massas, com os padrões morais bem próximos da licenciosidade. Até nos tribunais havia intriga e crime. O poder governante estava dividido entre duas classes, a nobreza e o clero. A nobreza só buscava a gratificação mais baixa dos sentidos, tentando manter-se dentro da lei apenas o suficiente para lhes permitir alcançarem seus propósitos egoístas. A maioria dos nobresa professava pertencer à seita dos saduceus. Por outro lado, a classe sacerdotal dos fariseus, conhecidos como “os puros, os separados”, porfiava constantemente em seu determinado esforço de manter o poder e impor a estrita aderência à letra de suas leis. Os saduceus eram seus inimigos especialmente quando eram favorecidos por qualquer tipo de cargo ou posição.

As massas eram oprimidas e mantidas na ignorância de sua verdadeira condição; mas acreditavam haver uma possibilidade de se sublevarem pela vinda de um grande líder. Não é de surpreender que essas pessoas, em sua maioria incultas e inexperientes, aderissem a qualquer movimento que lhes permitisse livrar-se dos grilhões ou lhes desse oportunidade de subir a alturas que eles apenas sentiam em sonhos. Por consequência, os incultos e desfavorecidos seguiam líderes e princípios que os colocavam em situação grave e de grande desapontamento. A grande esperança era a de que o esperado Messias modificasse essa situação de sofrimento, estabelecendo a coesão e união do povo de Israel. Como isto ocorreria ninguém sabia: somente os pretendentes que encabeçavam os falsos movimentos tentavam dar uma explicação.”

LEWIS, H. Spencer. A Vida Mística de Jesus. Curitiba, PR: AMORC, 2001, p. 46-47.