Não Crie

“A primeira instrução de prática que Rinpoche me deu foi: “Não crie”. Ele me disse: “Deixe sua mente em seu estado natural – não faça nada. Quando pensamentos e sensações surgirem, apenas deixe que surjam. Quando eles se forem, apenas os deixe ir. Não tente manipulá-los“. E depois partiu para o Tibete por seis meses…”

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018, p. 148.

Narrativa Desconcertante

“Na história da vida do Buda há desconcertante que ilustra essa mudança de perspectiva do  “eu estou sofrendo” para o “sofrimento existe”. Um dia uma mulher chamada Gotami ximou-se do Buda segurando o corpo do filho morto nos braços. Ela implorou ao Buda que trouxesse a criança de volta à vida. O Buda disse que poderia ajudá-la, mas que primeiro ela deveria fazer alga para ele: pediu que ela lhe trouxesse uma semente de mostarda vinda de uma casa em sua vila na qual ninguém tivesse morrido. A mulher seguiu a instrução do Buda, mas retornou de mãos vazias. Não havia nenhuma família na vila que não houvesse visto a morte. Mas, no processo de buscar por isso, alguma coisa mudou em Gotami. Seu fracasso em conseguir uma mera semente de mostarda mostrou-lhe a universalidade do sofrimento. Evocou nela compaixão pela condição de todos os seres vivos. Mais ainda, ela experimentou a coragem que vem da aceitação. Gotami foi capaz de fazer a mudança de “eu estou sofrendo” para “o sofrimento existe”. Apenas depois disso conseguiu soltar o corpo do filho.

MATTIS-NAMGYEL, Elizabeth. O Poder de uma Pergunta Aberta: o caminho do Buda para a liberdade. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra,  2018. p. 90.